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Quarto 'Shrek' volta no tempo e se despede em grande estilo

29 jun 2010 - 15h31
(atualizado às 15h42)
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Era uma vez a história que todos nós conhecemos: eles se encontraram, se apaixonaram, tiveram filhos, amigos fixos, casa própria, seguro de vida e viveram o tédio de dias felizes para sempre. Os produtores da DreamWorks entenderam a mensagem de algumas das críticas ao último filme da franquia mais bem sucedida do estúdio e, para tentar reverter a imagem de um Shrek que poderia facilmente cair num fosso de fábulas rotineiras, cansadas e sonolentas, decidiram recorrer ao único procedimento de primeiros socorros narrativo: apertaram então o botão de rewind. O que, em outras palavras, significa que a premissa de Shrek Para Sempre, com exibição em 3D, é simples assim: "e se?"

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E se Shrek não tivesse filhos? Se ele não tivesse conhecido Fiona? Ou mesmo nunca cruzado com o Burro ou o Gato de Botas? Se sua vida continuasse a ser aquela diversão de dias isolados pelo medo que todos tinham dele? Foi munida destas perguntas que a DreamWorks reuniu seus melhores roteiristas numa sala e, à meia-luz, na neblina daquilo que mais parecia um jogo de pôquer profissional, passaram horas tentando imaginar o que mais poderia acontecer com o ogro que resgatou o estúdio de uma quase falência e que, pela última e derradeira vez, deveria se despedir em grande estilo dos cinemas. Ok, a cena da reunião noir é fictícia, mas a ideia por trás dela é bem real: a DreamWorks precisava convencer e fazer jus ao personagem que a salvou de prejuízos milionários.

Perturbado então por esse cotidiano que sempre começa e termina do mesmo jeito, como se sua vida fosse uma sequência déjà vu reeditados, Shrek blasfema em voz alta e deseja que sua vida voltasse a ser como naqueles tempos do antes do "era uma vez", antes de ele se tornar um cara popular e, sobretudo, amado. E em um desses momentos de decisões erradas, na intenção de resgatar a aventura que há dentro dele, Shrek termina assinando um acordo com o maquiavélico Rumpelstiltskin, nome assim quase tão impronunciável como uma dessas empresas que vende caro um produto quebrado e, para lidar com o cliente, te joga para um telemarketing que nunca vai solucionar o problema.

Em outras palavras, Shrek topa dar um dia de sua vida a Rumpelstiltskin por um dia em que ele voltasse a ser o mau e rabugento ogro de sempre. Não sabe ele que esse contrato, assim como aqueles firmados pelo tipo de empresa acima citada, tem cláusulas estranhas nas entrelinhas e rescisões difíceis de serem decifradas. Pois então o dia de Shrek nesse universo paralelo em que nada daquilo que vimos desde a estreia do primeiro filme teria acontecido, se transforma em um inferno de 24 horas, com momentos assustadores cheios de bruxas anêmicas e, claro, várias cenas engraçadas com números musicais que sempre funcionam bem (o momento Shake Your Groove Thing coreogrado por vários ogros é uma preciosidade).

Rumpelstiltskin é um vilão de primeira linha, cheio de cacoetes e afetações dignas de meninos mimados. E Shrek, bem, Shrek volta a ser o ogro carrancudo nos primeiros minutos de filme para logo depois tomar a feição de um ogro arrependido por ter largado sua rotina amorosa por uma aventura solitária. Entre o ponto do arrependimento e a corrida para uma solução que conserte seus erros, nosso protagonista redescobre os velhos amigos e o amor verdadeiro. De todos os personagens que são revisitados pelo filme, o melhor elaborado é certamente o do Gato de Botas, aqui numa versão Garfield Latino com buchinho de cerveja, ou melhor, de leite.

O filme lida com personagens quase imbatíveis e, por isso mesmo, tenta tirar o máximo deles, particularmente do próprio Shrek, cujos dilemas voltam a ser engraçados. No entanto, refletindo uma tentativa de voltar a um tempo onde tudo era mais divertido e inédito, o quarto filme da franquia soa no final mais como um tributo ao personagem do que como uma história que vale a pena ser contada.

Assim como, tecnicamente, a exibição em 3D tira um pouco do brilho e da cor da imagem em película, no quarto título da saga que se passa no reino de Tão Tão Distante o verde de Shrek já não é mais o mesmo verde daquele filme de 2001. Mas ainda assim continua sendo um verde melequento e hilário em várias de suas referências à nossa vida de rotinas e seguros.

Há um texto subliminar de autoreferência à própria história da DreamWorks e do cinema de animação. A premissa de voltar no tempo é também uma forma de se questionar em que ponto estariam os filmes animados se não fossem as iniciativas de pessoas como, por exemplo, Jeffrey Katzenberg. O homem que deu à Disney toda a base para a criação de Toy Story e logo depois saiu da empresa brigado com Deus (leia-se Disney) e o Mundo, disposto a criar uma franquia tão bem-sucedida quanto aquela que foi recentemente resgatada com os bonecos Woody e Buzz Lightyear.

E se Katzenberg não não tivesse acreditado na ideia de Toy Story? Se não tivesse brigado com a Disney do executivo-chefe Michael Eisner? Se não tivesse se associado à DreamWorks de Steven Spielberg? E se não houvesse um cinema cheio de estúdios concorrentes? Com o perdão do trocadilho, o cinema de animação seria bem menos animado.

Foto: Divulgação
Fonte: Redação Terra
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