Primeira exibição de 'O Agente Secreto' em SP tem apresentação de atores do filme e sessão lotada
Sessão foi realizada em sala com capacidade para 600 pessoas durante a Mostra de Cinema de SP, e contou com público empolgado e longa fila
O Agente Secreto chegou. O novo filme de Kleber Mendonça Filho, vencedor de quatro prêmios no Festival de Cannes, teve sua primeira sessão pública em São Paulo realizada nesta sexta-feira, 24, durante a 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. A exibição contou com a presença de dois atores do filme, Laura Lufési e Gregório Graziosi, que agradeceram pela presença do público e afirmaram que o filme é uma obra sobre a preservação da memória.
A sessão, realizada na Cinemateca Brasileira durante a tarde, às 15h40, lotou a Sala Petrobras, espaço com capacidade para 600 pessoas montado temporariamente no interior da instituição para abrigar a festa cinéfila. Segundo a organização do evento, os ingressos se esgotaram na manhã desta sexta, e a fila para a exibição começou a se formar por volta das 14h.
"É um filme que fala sobre memória, exibido num lugar que tem como missão preservar a história do audiovisual brasileiro. É algo metalinguístico, que tem essa relação entre o espaço e a história", disse Gregório antes do início da sessão, ao contar para o público que sua reação imediata ao ver o filme pela primeira vez foi querer assistir novamente.
Antes de desembarcar em São Paulo, O Agente Secreto também já passou por alguns festivais de cinema nacionais, e foi exibido em Salvador, Recife, Brasília, Rio de Janeiro e outras capitais. Antes do início da sessão, Laura Lufési ressaltou que há um gosto especial com a estreia em São Paulo: "O filme tem o primeiro plano que Kleber gravou em São Paulo em sua vida. Eu sei porque eu estou na cena."
O representante brasileiro na corrida para o Oscar 2026 é a primeira colaboração entre Kleber Mendonça Filho e Wagner Moura, que vem sendo cotado por revistas e analistas americanos entre os possíveis indicados ao prêmio de melhor ator. A história é ambientada no Brasil da década de 1970 e acompanha Marcelo (Moura), um professor que volta ao Recife fugindo de seu passado misterioso, mas percebe que a cidade está longe de ser o refúgio que procura. Maria Fernanda Cândido, Tânia Maria, Isabel Zuaá, Alice Carvalho e Gabriel Leone também estão no elenco.
Ao longo da tarde, o público demonstrou empolgação na fila enquanto esperava pelo início da sessão. Uma das primeiras da fila, Joanna Nascimento, 39, comprou ingresso pelo aplicativo da Mostra e foi uma das primeiras a chegar, por trabalhar em uma livraria que funciona dentro da Cinemateca. Antes mesmo de ver o filme, ela já acreditava nas possibilidades do filme de fazer bonito na temporada de premiações. "Acho que tem grandes chances de concorrer ao Oscar, pelas conversas que estou acompanhando", aposta.
A ceramista Natasha, 39, concorda. Frequentadora assídua da Mostra desde a sua adolescência, ela tinha grandes expectativas por acompanhar de perto o cinema de Kleber Mendonça Filho.
Ao fim da sessão, aplausos empolgados, mas espaçados, preenchiam a sala à medida que cada ator era apresentado nos créditos finais. Quando aparece Tânia Maria, revelação de Bacurau que ganhou um papel maior no novo filme de Kleber, puderam ser ouvidos gritos e aplausos. O mesmo aconteceu quando pintou na tela o nome de Wagner Moura.
Para Rodrigo Sampaio, 38, jornalista de formação, o filme justifica a quantidade de aplausos recebidos nos festivais internacionais. "É um filme que mostra a qualidade do nosso cinema. É difícil falar sobre ele logo após ter assistido, pois ainda estou refletindo, mas tem um trabalho de roteiro e direção primoroso. Vê-lo durante a Mostra, com tantos filmes internacionais incríveis, mostra que nosso cinema não fica atrás."
O que surpreendeu a analista de risco e inteligência Fernanda Chester, 26, foi o filme conseguir encaixar um alívio cômico inesperado em meio a uma história tão carregada, algo que fica a cargo principalmente de Tânia Maria. Ela e seu grupo de amigos, Lucas, Beatriz e Guilherme, dizem que já estão começando a campanha para O Agente Secreto no Oscar.
"É um filme que consegue manter o público entretido o tempo inteiro", opina Lucas, analista de compliance. "Mesmo sendo um filme longo, com mais de 2h30, o fato de ser dividido em três capítulos imprime dinamismo."
Já Beatriz Bento, 27, também analista de risco e inteligência, diz que sobrou emoção. "No final, comecei a chorar. O filme faz uma troca de lugares com dois personagens que me emocionou. Acho que o Wagner está incrível."
O Agente Secreto estreia em circuito nacional no próximo dia 6 de novembro. Antes disso, tem mais três sessões na Mostra SP: no sábado, 25, às 16h40 no CineSesc; na terça, 28, às 20h no Cultura Artística e na quarta, 29, às 19h40 no Espaço Petrobrás de Cinema.