'Five Nights at Freddy's 2' é história boba de personagens rasos e easter eggs para fãs
Sequência faz como o primeiro filme e aposta que os fãs dos jogos e dos livros já são o bastante para fazer a franquia valer a pena nas telonas
Five Nights at Freddy's é um fenômeno. Pode até ser que muita gente simplesmente nunca ouviu falar nada sobre a franquia, mas todos seus números comprovam o sucesso - e o sucesso de coisas nichadas. Os seis primeiros jogos venderam quase 5 milhões de unidades no Steam, no mundo todo, de acordo com dados da plataforma. Nas livrarias brasileiras - as histórias foram publicadas pela Editora Intrínseca -, foram mais de 150 mil exemplares vendidos. E a primeira adaptação para as telonas foi bem: quase US$ 300 milhões em bilheteria no mundo, rendendo uma sequência.
O novo Five Nights at Freddy's 2, em cartaz nos cinemas, continua a história começada lá atrás. Mike (Josh Hutcherson, de Jogos Vorazes) está tocando a vida após os eventos traumáticos do primeiro longa-metragem ao lado da irmã, Abby (Piper Rubio). Só que ela não consegue deixar os animatrônicos para trás. Fica o tempo todo pensando nas criaturas e quer consertá-las, sem saber que foram destruídas. O irmão, enquanto isso, tenta ter um novo romance com Vanessa (Elizabeth Lail, da série Você), também atormentada pelos animatrônicos.
Ou seja: assim como nos jogos e nos livros, a base da história é de alguém tentando lidar com esses animatrônicos possuídos e perigosos. Nenhuma grande novidade, assim.
Enfeitando a história
Para incrementar essa base tão simples e com personagens um tanto anêmicos, o roteiro de Scott Cawthon - o criador da franquia - e a direção de Emma Tammi apostam em colocar easter eggs para os fãs ao longo de toda a produção. Assim como a Marvel coloca piscadelas de roteiro e traz de volta alguns personagens de antigamente, Five Nights at Freddy's 2 quer brincar com a emoção dos fãs. Coloca participações especiais que ninguém mais entende, surpreende com novas versões do animatrônicos e por aí vai.
Os fãs se deleitam com isso.
Quem conhece pouco ou quase nada vai encontrar uma história boba, de pouca força, que apenas coloca personagens rasos correndo pra lá e pra cá com medo desses robôs gigantes em formato de animais. Não é o bastante sequer para se divertir por 100 minutos, já que todas as sacadas da história são depositadas nessas participações especiais e nessas pequenas piadas que referenciam livros e jogos. Não sobra nada: roteiro, direção, atuações (coitado do Josh Hutcherson), criação visual. Absolutamente nada brilha os olhos.
É um fenômeno que ganhou força nos últimos anos - talvez por conta do streaming, talvez pela dificuldade de produções caríssimas se pagarem. Reduzem o investimento, fazem filmes mais nichados e apostam que fãs de outros produtos comprem a ideia. É uma forma de pensar cinema no mundo de hoje, mas que compartimenta mais as histórias, fecha possibilidades e pensa em bolhas, sendo que o cinema é a arte com mais possibilidades de ir além. Os fãs devem ficar felizes, mas é preciso pensar se este é o melhor caminho.