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'Cyclone': Filme descortina figura-chave do Modernismo silenciada pelo machismo

Longa de Flávia Castro, estrelado por Luiza Mariani chega aos cinemas no dia 4 de dezembro apresentando ao público brasileiro Daisy Pontes, figura importante no Modernismo esquecida no tempo

5 dez 2025 - 05h41
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Há duas décadas, a atriz Luiza Mariani teve o seu primeiro contato com a história de Maria de Lourdes Castro Pontes, a única mulher a participar do diário coletivo da garçonnière de Oswald de Andrade no centro de São Paulo. O diário está registrado no livro O Perfeito Cozinheiro das Almas Deste Mundo, publicado pelo selo Biblioteca Azul, da Globo Livros.

Luiza Mariani interpreta Daisy Pontes, no filme 'Cyclone', de Flávia Castro
Luiza Mariani interpreta Daisy Pontes, no filme 'Cyclone', de Flávia Castro
Foto: Bretz Filmes/Divulgação / Estadão

A partir daí, a história de Daisy Pontes ou Miss Cyclone, como Maria de Lourdes era chamada pelos Modernistas, virou uma espécie de obsessão para a atriz que, em 2006, produziu e atuou na peça que levou para os palcos o diário da garçonnière de Oswald, jogando luz no legado de Cyclone, que teve uma vida breve, intensa e com um final trágico.

Luiza retoma agora essa história no longa-metragem Cyclone, dirigido por Flávia Castro a partir do roteiro escrito por Rita Piffer e pela própria Luiza Mariani. Eduardo Moscovis, Karine Teles, Luciana Paes, Magali Biff, Ricardo Teodoro e Rogerio Brito completam o elenco.

"Entre o primeiro contato com o livro e a estreia do filme são 20 anos. Eu estava procurando algo para fazer no teatro em 2005, quando me deparei com este livro, que ganhei de presente. Eu não conhecia a história dela, mas fiquei apaixonada por essa personagem que morre tão jovem e teve um papel fundamental no Movimento Modernista", disse a atriz em entrevista ao Estadão.

Acompanhando as figuras do Modernismo de perto, Miss Cyclone se apaixona por Oswald de Andrade, com quem tem um relacionamento até a sua morte aos 19 anos, em decorrência de um aborto clandestino.

"Ela foi uma mulher com ímpeto, com talento, com desejo de inscrever o seu talento no mundo através de sua escrita", resume Luiza. Daisy deixou um diário, hoje custodiado pela Unicamp, e uma série de manuscritos que Oswald assumiu ter perdido ao longo da vida.

Com uma história tão cheia de lacunas, esquecimentos e invisibilizações, reconstruir a história de Cyclone para o filme foi um grande desafio encarado a quatro mãos por Luiza e Rita, que buscaram se distanciar um pouco da personagem real e recriar uma Daisy possível.

O primeiro desafio era a diferença de idade entre a personagem-tema e Luiza, que a interpreta no filme. Cyclone morreu aos 19 anos, e Luiza estava com 39 quando começou as gravações do longa. No filme, Daisy aparece mais velha e isso fica claro quando a personagem procura um médico para o aborto clandestino que a alerta dizendo que aquela pode ser a sua última oportunidade de ter filho por conta da idade.

Eduardo Moscovis interpreta Heitor Gamba, personagem fictício criado para a trama
Eduardo Moscovis interpreta Heitor Gamba, personagem fictício criado para a trama
Foto: Bretz Filmes/Divulgação / Estadão

"Quando a Luiza me procura para o filme e eu tenho esse desafio de fazer uma personagem mais velha, eu acho muito interessante. Na verdade, eu acho até mais interessante do que a personagem jovem porque o destino dela foi tão trágico, tudo é tão interrompido que a gente não sabe quem ela seria. Será que ela era uma gênia literária? Será que não foi?", se questionou Rita em conversa com a reportagem.

Outro ponto que distancia a Cyclone ficcional da personagem real é a ausência de Oswald no filme. No roteiro, a essência do Modernista é colocada em Heitor Gamba, um personagem que não existe na realidade e que, no filme, foi interpretado por Eduardo Moscovis.

No longa, Daisy é uma dramaturga em busca de reconhecimento. Ela quer ver seu nome nos créditos de sua peça, prestes a estrear no Theatro Municipal de São Paulo. Ao mesmo tempo, busca uma bolsa de estudos em Paris, uma forma de seguir com a sua escrita e se impor como autora autônoma, fora da sombra de Heitor. Tudo isso é interrompido pela gravidez não planejada.

São Paulo, a cidade-personagem e seus sons

São Paulo da década de 1910 é personagem central em 'Cyclone' e o Theatro Municipal, inaugurado em 1911, é fundamental na trama
São Paulo da década de 1910 é personagem central em 'Cyclone' e o Theatro Municipal, inaugurado em 1911, é fundamental na trama
Foto: Bretz Filmes/Divulgação / Estadão

A cidade de São Paulo é uma personagem importante no filme. O Theatro Municipal, inaugurado em 1911, e as ruas ainda com os trilhos dos bondes são elementos que transportam o espectador para o tempo de Cyclone.

Além disso, há uma paisagem sonora que chama a atenção. Daisy é uma operária que vive no Brás e trabalha em uma gráfica anarquista. Os barulhos do trem, das máquinas e dos vizinhos ruidosos formam um cenário sonoro que dão conta de compor uma cidade em franca expansão.

'Cyclone' nos cinemas

O filme estreou no Festival de Xangai, na China, e depois passou pelo Festival de Munique, na Alemanha antes de chegar na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, quando o filme foi exibido no palco do Theatro Municipal.

Agora, Cyclone está em cartaz no circuito comercial.

Estadão
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