Jake Gyllenhaal 'porradeiro' merece atenção em Matador de Aluguel; leia a crítica
Remake de clássico cult dos anos 80 abraça o espírito de filme de ação sem noção e entrega uma experiência muito divertida
A ideia de um remake de Matador de Aluguel, filme cult do final dos anos 80, circulava Hollywood há anos. A produção quase saiu do papel com a ex-lutadora Ronda Rousey no papel principal, mas foi se tornar realidade apenas quando Jake Gyllenhaal (Nocaute) e o diretor Doug Liman (No Limite do Amanhã) assumiram a refilmagem.
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O longa original, estrelado por Patrick Swayze (Dirty Dancing - Ritmo Quente), nunca foi considerado um filme de fato bom, caindo naquele gênero "tão ruim que fica legal" ao abraçar a galhofa sem medo de ser feliz. Só que a sua trama, de um cara misterioso que vira segurança de um bar atormentado por bandidos, poderia facilmente se tornar um filme sério demais, perdendo todo o seu encanto.
Para alegria de todos, Matador de Aluguel, produção que chegou ao Prime Video, sabe exatamente o tipo de filme que tem que ser e, assim como o original, tem o objetivo de divertir e fazer Jake Gyllenhaal parecer um "porradeiro" nato.
A calma de alguém que sabe brigar
O longa não demora nada para mostrar ação, com um ringue de lutas clandestinas sendo dominado por um sujeito todo durão, interpretado pelo cantor Post Malone. Ele, que também está na excelente trilha sonora do longa, ganha de todo mundo, mas ao ver Elwood Dalton entrar no ringue, simplesmente desiste de tudo, deixando o dinheiro das apostas para trás.
Em uma cena, apenas mostrando o seu físico e sem dar um soco, o filme deixa claro que Dalton é perigoso. Gyllenhaal é um ator bastante carismático, o que estranhamente acaba combinando com o personagem mais sério. Esse carisma retraído mostra que algo realmente grave aconteceu com ele para seguir dessa maneira, algo que é abordado ao longo do filme.
Ele é recrutado por Frankie, a dona de um bar na Flórida que precisa de um segurança para dar um jeito no lugar. Demonstrando ser autodestrutivo, Dalton vai até o local, descobrindo que o bar, chamado A Taberna, é frequentado por pessoas que gostam de brigar por nada.
O filme abraça cada vez aquele espírito "Filme de Domingo Maior" que o primeiro tinha ao apresentar uma realidade completamente insana em que as pessoas gritam "Briga de bar!" e saem dando soco aleatoriamente.
A grande sacada aqui é, mais uma vez, mostrar que Dalton é um cara que não tem medo de ninguém e habilidade suficiente para tranquilamente encarar todo mundo sozinho. Parece absurdo, mas Gyllenhaal consegue passar muito bem a ideia de um cara com que você não deve mexer, mas que ainda parece ser legal.
Para Dalton, dar porrada bem dada é quase como respirar, é algo natural para ele. No momento em que isso fica bastante claro, Matador de Aluguel, um título que parece extremo, mas faz sentido com o desenvolvimento da trama, se torna bem divertido. O trabalho de Gyllenhaal e do diretor Doug Liman é fazer você embarcar nessa aventura com eles, algo que conseguem fazer muito bem.
Um homem perturbado pelo seu passado
Em Matador de Aluguel original, Dalton era um segurança de um bar de Nova York que, ao se defender de um homem, o matou em legítima defesa arrancando sua garganta. Coisa leve.
No remake, o Dalton de Jake Gyllenhaal também traz um erro do seu passado, em que era uma estrela do UFC e, por ter passado dos limites, acabou tendo a sua vida jogada no lixo. Algo bastante interessante nessa nova versão é a maneira como esse acontecimento afeta o personagem, mas não necessariamente mudou a sua personalidade.
Ao longo do filme, vemos ele fazer amizade com funcionários do bar e com uma garotinha e seu pai, que mantém uma livraria na cidade. Dalton até consegue se envolver romanticamente com uma enfermeira, interpretada pela atriz Daniela Melchior (Velozes e Furiosos 10).
Só que, mesmo em momentos leves, Gyllenhaal consegue passar uma aura de perigo só pelo olhar. De alguém que pode explodir a qualquer momento e, mais uma vez, passar dos limites. Isso faz com que o filme, mesmo divertido, se torne uma contagem regressiva de uma bomba que está prestes a explodir.
A estrela de cinema Conor McGregor
Um dos elementos mais comentados durante a produção do remake de Matador de Aluguel foi a estreia do lutador de MMA e marrento Conor McGregor. O ex-campeão do UFC participa do filme no papel de um capanga contratado para eliminar Dalton.
Desde a sua apresentação no filme, McGregor mostra que tem o que muitos atores de ação em Hollywood hoje em dia sonham em ter: presença.
É impressionante como McGregor parece se divertir com o papel, que serve como um contraponto para o personagem de Gyllenhaal, se deliciando por poder ser caótico e violento. Toda a marra do irlandês é transformada em insanidade para o seu personagem, mostrando que todo o carisma que ele mostrava em suas entrevistas para promover lutas funciona muito bem na atuação.
O mais impressionante é que nas cenas de luta entre McGregor e Gyllenhaal, todos os envolvidos conseguiram transformar a ação em algo realmente crível. Normalmente, você pensaria que o ex-lutador destruiria o ator de Hollywood em poucos segundos, mas o filme faz você acreditar que os dois estão em pé de igualdade.
Parabéns para Gyllenhaal e McGregor por conseguirem fazer com que pancadarias supostamente simples pareçam empolgantes e bastante violentas.
Um filme para se divertir
Antes do lançamento de Matador de Aluguel, o diretor Doug Liman realizou um boicote contra a Amazon, que lançou o remake diretamente no streaming. Por um lado, concordo com o diretor, já que a produção não parece em momento algum ter sido feita pensando nesse tipo de lançamento.
Ao contrário de várias produções originais de concorrentes, como a Netflix, o filme da Amazon/MGM parece algo que você veria na tela de cinema com tranquilidade. Porém, sua chegada no streaming não diminui a sua qualidade e ainda pode alcançar um público ainda maior.
Assim como o filme original, ele não vai mudar a vida de ninguém. O diretor falou sobre a produção trazer uma atuação digna de prêmios para Gyllenhaal, mas não sei se concordo com isso. No fim dos créditos, a única coisa que eu consegui pensar sobre o remake foi como ele foi divertido e fez duas horas passar voando.
Às vezes, é tudo o que uma refilmagem de um filme cult dos anos 80 precisa ser. Matador de Aluguel está disponível no Prime Video.
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