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'Coraline' é a 1ª animação com bonecos toda filmada em 3-D

31 jan 2009 - 10h51
(atualizado às 10h54)
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Na sequência de abertura de

Foto: The New York Times
Coraline

, o mais recente filme de animação com bonecos de Henry Selick, duas mãos desmantelam uma boneca e depois a montam de novo usando linha e agulha. Não é a mais calorosa e simpática das cenas cinematográficas, e a impressão negativa é agravada pela sensação de que é possível tocar a serragem que cai das entranhas das bonecas ou os botões que lhe servem de olhos.

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À medida que a experiência das imagens em 3-D se transforma em parte regular do cinema, cenas como essa se tornarão impossíveis de resistir, para diretores ávidos por brincar com a tecnologia. Mas Selick não deseja que as audiências se concentrem nisso. Para ele, o sistema 3-D serve a um fim: demonstrar o potencial de sua forma predileta de trabalho, a animação com bonecos, na qual os personagens do filme são manipulados quadro a quadro a fim de obter movimento, expressão e contar a história.

"A tecnologia é quase supérflua", diz Selick, cujos créditos anteriores incluem animações com bonecos como Nightmare Before Christmas e James and the Giant Peach. "Ela ajuda enormemente, mas a peça central do trabalho ainda é a manipulação detalhada de um boneco por um animador".

Coraline, cuja produção custou cerca de US$ 60 milhões, é a primeira animação com bonecos a chegar ao cinema filmada inteiramente em 3-D. E embora esse tipo de efeito tenha sido criado na primeira metade do século passado, os cineastas ainda estão aprendendo como utilizá-lo ¿ou não utilizá-lo.

"Passei muito tempo pensando a respeito e descobrindo como usar a técnica", diz Selick. "Percebi que todo mundo que usa 3-D abusa ao empregá-la de maneira muito evidente. O pessoal exagera e utiliza a técnica como uma espécie de truque - exatamente o motivo para que tenha sido abandonada nos anos 50. Já eu queria que ela fosse parte da história, de um mundo que pareçam mais rico e permita respirar".

A história foi adaptada por Selick de um livro de Neil Gaiman sobre uma menina de 11 anos (na voz de Dalota Fanning) que se muda com seus pais distraídos (Teri Hatcher e John Hodgman) para um edifício de apartamentos no meio do nada, no Oregon. No andar de cima vive um ginasta russo (Ian McShane) que está treinando uma equipe de camundongos acrobatas. Embaixo, uma dupla de atrizes velhíssimas (Jennifer Saunders e Dawn French). Do lado de fora, um gato que prefere se manter distante (Keith David) e um menino chato (Robert Bailey Jr.).

Para resumir, Coraline se sente entediada e solitária. E então descobre uma porta secreta que a conduz a um universo paralelo onde tudo é muito melhor, especialmente sua Outra Mãe e Outro Pai (também interpretados por Hatcher e Hodgman). Ao contrário de seus pais reais, que em geral a ignoram, os Outros atendem a todas as suas necessidades. Mas, como diz o lema do filme, melhor tomar cuidado com aquilo que você sonha; os olhos ligeiramente sinistros que eles ostentam dão a entender que essa outra vida pode não ser tão feliz.

Selick descreve a situação como uma mistura de Alice no País das Maravilhas com a história de Joãozinho e Maria. Os espectadores também poderão reconhecer dose mais que modesta de O Mágico de Oz. A idéia inicial do produtor Bill Mechanic, abordado por Selick quanto a adaptar o livro para o cinema, era um filme com atores reais, mas o diretor conseguiu convencê-lo a optar pela animação.

Mechanic ainda assim diz que considerava a animação com bonecos como "meio antiquada", e saiu em busca de maneiras de torná-la mais "vistosa". Já que a animação comum está moribunda e que a animação em computador é a nova rainha, ele sugeriu que metade do filme fosse produzida em forma de animação por computador e metade com bonecos.

Mas a realidade alternativa "não causou espanto", nas palavras de Mechanic. O mundo de fantasia não parecia especial o bastante para que Coraline desejasse permanecer nele, ou para impressionar as audiências. Foi então que o 3-D entrou na parada ¿mas, com a produção toda em 3-D, Selick ainda precisava descobrir uma maneira de fazer o mundo alternativo realmente se destacar.

A solução dele foi atenuar as cores e "esmagar" os cenários, no mundo real. O quarto de Coraline, a cozinha, os apartamentos acima e abaixo foram comprimidos pelo uso de perspectivas forçadas e cenários inclinados em direção à câmera. Para a realidade alternativa, as cores foram aprofundadas, os cenários estendidos para suas dimensões devidas e o uso dos recursos 3-d intensificado.

Infelizmente para a equipe, nem todo mundo poderá ver Coraline em sua plena glória tridimensional. Das duas mil salas reservadas para o filme, só 900 estão equipadas para 3-D. Nas demais, a projeção será em 2-D. Isso vem sendo problema constante para as produções em 3-D, que não podem cobrar ingresso mais caros se forem iguais a todos os outros filmes, ainda que produzi-las seja mais dispendioso. Jeffrey Katzenberg, presidente-executivo da DreamWorks Animation, diz que produzir em 3-D elevou em US$ 15 milhões o orçamento de Monsters vs. Aliens, uma das novas produções de seu estúdio.

Mechanic afirma que o custo não foi tão alto em Coraline. E embora ele admita que o número de salas 3-D é inferior ao esperado, disse que estava satisfeito com a decisão tomada, porque o material e a mídia a exigiam. A final, ao contrário de filmes de animações em 3-D como Bolt e Monster, Coraline é realmente tridimensional, com cenários e personagens concretos.

"Trata-se do filme com o visual mais singular do mercado", disse Mechanic. "A animação em computador está se tornando muito indistinta".

(Tradução: Paulo Migliacci)

The New York Times
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