Cineasta grego confirma presença com novo filme em Recife
O diretor grego Constantin Costa-Gavras irá ao Festival do Recife, no final de abril, para abrir a seleção com seu mais novo filme, Eden à L'Ouest, exibido neste sábado na seção não competitiva da Berlinale.
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"Volto ao Brasil também para uma possível retrospectiva de meu trabalho", confirmou na coletiva de imprensa agora a pouco. Na mesa, o veterano realizador de clássicos do cinema político como Missing - Desaparecido estava acompanhado do ator italiano protagonista Riccardo Scamarcio, que interpreta um imigrante ilegal que tenta chegar à França depois de conhecer um mágico.
Mágico até poderia se considerar também o drama em alguns de seus aspectos, especialmente ao final, quando encontra talvez o registro mais adequado numa tocante seqüência. Mas não é o suficiente para compensar as situações implausíveis e os estereótipos que vão se somando nas quase duas horas de filme.
Elias, o imigrante sem nacionalidade definida pelo filme, viaja num barco de clandestinos até que esse é descoberto pela polícia e obriga o jovem a se jogar no mar. Vai parar na Grécia, mais especificamente num resort luxuoso, onde tem início seu périplo. Ali conhece um mágico que acena para Elias com a possibilidade de reencontrá-lo em Paris. Este, então, passa a ser seu destino, numa viagem em que encontra de tudo, ou de todos, um pouco: uma mulher rica e solitária que o seduz, outra mulher simples que lhe dá guarda, malandros, ladrões, ricos em férias, caminhoneiros gays, ciganos, camelôs, sem-teto...
Dito assim, o drama parece um mosaico de tipos humanos colocado ali para dar maior contraste à ingenuidade e aprendizado do jovem. E não deixa de ser. Mas para um experiente realizador como Gavras se espera mais do que uma intenção que não se concretiza senão quando ele a explica em público. "Fiz o filme pensando na figura individual do imigrante e não na massa de pessoas que a Europa pensa que um dia chegará da noite para o dia", justifica o diretor. "Quando se analisa o drama de uma pessoa, tudo muda, é outro contexto e outros problemas que se pode apontar".
Se recebeu poucos aplausos na sessão e elogios ao filme, a não ser por parte de dois ou três jornalistas que costumam saudar qualquer título apresentado no festival, Costa-Gavras ao menos foi lembrado por seu aniversário no último dia 12, no qual completou 76 anos. "É, há esse problema; toda vez que venho a Berlim eu estou mais velho", ele brincou.