"Adoro falar sobre sexo", diz Maria Paula sobre 'De Pernas Pro Ar 2'

Vivida por Maria Paula, a personagem Marcela, de De Pernas Pro Ar, é quase o retrato da própria humorista. Desinibida e bem resolvida quando o assunto é sexo, a melhor amiga da protagonista Alice (Ingrid Guimarães) chega novamente aos cinemas nesta sexta-feira (28), com a sequência do longa lançado em 2010. “Adoro falar sobre sexo, ouvir falarem sobre sexo. Tudo que envolve esse tema me atrai”, disse Maria Paula, em entrevista ao Terra, sobre o motivo pelo qual decidiu se unir ao projeto.

Dirigido por Roberto Santucci - Até que a Sorte nos Separe (2012), Bellini e a Esfinge (2002) -, De Pernas Pro Ar 2 mantém a temática do sexo que conquistou o público no primeiro filme. A nova produção, no entanto, emerge mais como uma comédia romântica ao narrar a história de Alice, que alcançou o orgasmo e agora é uma empresária bem-sucedida no ramo de sex shops. Casada, mãe de um filho e com um grande negócio para administrar, a protagonista chega ao ápice nervoso e é internada em uma clínica.

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Marcela, por sua vez, também está mais madura e com um filho. Ainda assim, ela continua com sua sexualidade aflorada e não deixa escapar galãs como Ricardo (Eriberto Leão). Para Maria Paula, sua personagem ajuda a quebrar tabus sobre como a sexualidade feminina é encarada e retratada. Além de sua participação no filme, a atriz falou sobre o humorístico global Casseta & Planeta e sobre seu lado que ninguém conhece: da psicóloga, ativista e escritora.

Produzido por Mariza Leão - Meu Nome Não É Johnny (2008) -, De Pernas Pro Ar 2 chega aos cinemas brasileiros nesta sexta-feira (28). O elenco ainda conta com Bruno Garcia, Denise Weinberg, Cristina Pereira, Christine Fernandes, Tatá Werneck, entre outros.

Terra - A Marcela é uma mulher desinibida e moderna, que não tem problemas para falar sobre sexo. Onde você buscou inspiração para criá-la? Você se acha parecida com ela?

Maria Paula - Eu tenho um pouco a ver com a Marcela e emprestei traços da Maria Paula. Mas muitas coisas não têm nada a ver e eu realmente inventei. Acho que o que tem a ver é que sou uma pessoa exuberante, que gosta da “coisa”. O que não tem a ver é que a Marcela leva as coisas ao extremo. Por exemplo, nesse segundo (filme), ela chega a brigar com a melhor amiga por causa de um cara, e isso eu nunca faria. Eu sou mais do caminho do meio, não levo aos extremos desse jeito.

Terra - Tanto o primeiro filme como a sequência aborda o sexo no universo feminino de uma maneira aberta. Como você vê essa sacada?

Maria Paula - Fico muito orgulhosa em ter a oportunidade de fazer um papel como esse, porque quebra tabus, e é muito bom você abrir o horizonte das mulheres. Fazer o papel de uma mulher forte, que busca o próprio prazer e que ajuda as outras a buscarem seu próprio prazer também, é muito bacana.

Terra - Você tentou mediar a abordagem do sexo para não assustar o público?

Maria Paula -

Não, foi bem natural, isso nem me passou pela cabeça, porque a personagem é isso, então não tinha como fugir desse tema. Mas acho que uma coisa que emprestei à Marcela e que suavizou um pouco, é que eu sou uma pessoa muito amorosa. Então, apesar de estar falar barbaridades e coisas absurdas, ela tem um jeito tão descontraído e é tão do bem, tão bacana, que não fica uma coisa forçada, vulgar. Mesmo na relação dela com a Alice, em que elas poderiam se tornar competidoras entre si, acabam desenvolvendo uma amizade verdadeira. Eu acho que isso é bacana, é uma coisa que eu emprestei à Marcela, e eu acho que funcionou.

Terra - A Marcela se tornou mãe e parece ter amadurecido no De Pernas Pro Ar 2. Como você vê essa mudança? Acha que isso acontece com a maior parte das mulheres?

Maria Paula -

Ela teve uma mudança incrível, não só no visual. Ela está mais suave e não aquela coisa pantera, com aquela cabelão todo, os vestidos também não são tão justos. Ela amadureceu e, com isso, os gestos dela mudaram, o tom de voz, coisas que acontecem naturalmente na vida da gente também. Foi muito bacana pra mim poder imprimir na tela esse caminho que ela andou.

Terra - Além da dramaturgia, você também tem uma coluna no jornal Correio Brasiliense desde 2005 e tem uma forte ligação com a literatura. Gostaria que comentasse sobre o livro que está para lançar.

Maria Paula -

O livro se chama Liberdade Crônica e, além de falar sobre liberdade, aborda questões muito importantes para mim, como caráter, coletividade, criação de filhos, amorosidade, todos esses temas que fazem sentido na minha vida.

Terra - Além de ser escritora, você é formada em Psicologia costuma participar de campanhas beneficentes. A maioria das pessoas, no entanto, só conhece a Maria Paula humorista. Como você encara isso?

Maria Paula -

Eu brinco que tenho uma vida dupla, pois tem a Maria Paula que todo mundo conhece, que é humorista e faz piadas, mas tem uma outra Maria Paula, que é psicóloga, escritora e que tem uma abordagem bem diferente do que as pessoas estão acostumadas a ver. Além de escrever para o jornal, tenho feito muitas feiras literárias e dado muitas palestras ultimamente. Tem a Maria Paula ativista também. Participei ativamente da campanha para aumentar a licença-maternidade, de quatro para seis meses. Agora, no momento, estou lançando uma campanha junto ao Ministério da Saúde para a doação de leite materno, que é super importante. São coisas que a gente fala pouco, mas a mulher, quando está amamentando o filho, tem um excedente de leite que, se ela doar, pode ir direto para a UTI neonatal e salvar a vida de um bebê. Esse tipo de informação é muito importante, usar a minha imagem para fazer chegar essa informação à casa das pessoas é realmente um privilégio e uma coisa que faço com o maior prazer.

Terra - E no cinema, quais são os seus projetos?

Maria Paula -

Agora vou fazer o filme da Radical Chic, em que serei a Radical. É um projeto muito bacana com o (cartunista) Miguel Paiva, que é genial, e com o Antênio Carlos Fontoura, que é o diretor e um cara super respeitado. Vai ser um prazer trabalhar com um cara tão bacana. Então estou realmente feliz com esses novos projetos que estão pintando.

Terra - Você é uma artista que teve a formação na TV. Como é adaptar o estilo para o cinema a essa altura da carreira?

Maria Paula -

É um desafio. No Casseta (& Planeta), eu fazia uma coisa muito grande, histriônica... No cinema, a tela é muito grande, então você tem que diminuir o tom e fazer uma coisa mais naturalista, para que fique plausível e as pessoas acreditem no que você está dizendo. A essa altura da minha carreira, depois de 20 anos, ir engatinhando em uma coisa que é novidade pra mim, que é essa carreira no cinema, me deixa feliz. Tenho a oportunidade de me reinventar e procurar buscar o sucesso com uma coisa nova, e estou conseguindo. O De Pernas Pro Ar 2 é a maior prova disso, estou torcendo muito para o público gostar, dar grandes gargalhadas no cinema e, quem sabe, a gente vai para Paris no De Pernas Pro Ar 3.

Terra - Foi por esse espírito de se lançar em novos desafios que não se juntou à nova temporada do Casseta & Planeta?

Maria Paula -

Com certeza. Foram 17 anos maravilhosos, mas já estava bom, né?