Entenda como a alimentação influencia a fertilidade feminina e masculina
Especialista explica se dieta equilibrada, sono e controle do peso podem aumentar a fertilidade de homens e mulheres
A infertilidade atinge milhões de casais em todo o mundo e, embora muitos associem a solução apenas a tratamentos médicos, especialistas alertam que o estilo de vida exerce influência direta sobre a capacidade reprodutiva. A modelo norte-americana Chrissy Teigen, por exemplo, enfrentou dificuldades para engravidar e recorreu à fertilização assistida, ajudando a dar visibilidade ao tema. De acordo com a nutricionista Fernanda Mululo, uma base alimentar sólida, composta por alimentos naturais e minimamente processados, é essencial para o bom funcionamento do sistema reprodutivo. Em contrapartida, o consumo excessivo de álcool, açúcar e ultraprocessados, aliado ao sedentarismo e ao excesso de peso, tem impacto negativo comprovado sobre a fertilidade.
Segundo Mululo, pesquisas mostram que deficiências de micronutrientes, como ferro, vitamina D, zinco, selênio, cálcio, magnésio e vitaminas do complexo B, também podem comprometer a ovulação e a qualidade dos espermatozoides. Além disso, dietas ricas em carne vermelha e embutidos estão associadas a piores índices de fertilidade. Fast-foods, biscoitos e snacks ricos em gorduras saturadas e açúcares refinados prejudicam tanto homens quanto mulheres.
A nutricionista lembra que entre os nutrientes mais estudados por seu papel na fertilidade feminina estão o ômega-3, as vitaminas do complexo B (como o ácido fólico), a coenzima Q10, o inositol, as vitaminas D e E, a L-carnitina e a melatonina, que auxiliam na qualidade dos óvulos. Para os homens, substâncias como zinco, selênio, vitaminas C e E, N-acetilcisteína, beta-caroteno e licopeno favorecem a produção e a qualidade dos espermatozoides. "O equilíbrio nutricional é indispensável para a fertilidade. A falta ou o excesso de determinados nutrientes interfere diretamente nos hormônios e na função reprodutiva", aponta.
Peso corporal, sono e estresse também influenciam
Conforme a especialista, os fatores que atingem a fertilidade estão interligados. O primeiro passo é cuidar da saúde intestinal, já que é por meio do intestino que ocorre a absorção adequada de vitaminas e minerais. Ela ressalta que um intestino desregulado, constipado ou acelerado demais, pode gerar inflamação e comprometer o equilíbrio imunológico, dificultando a absorção de nutrientes. "O principal fator de infertilidade hoje é o excesso de peso. A perda de apenas 5% a 10% do peso corporal pode aumentar a chance de engravidar em até 70%", salienta.
Além da alimentação, o sono adequado e o controle do estresse são fundamentais. Noites maldormidas e níveis elevados de cortisol (hormônio do estresse) afetam a ovulação, o ciclo menstrual e a produção de espermatozoides.
Fertilização assistida exige cuidado extra com a dieta
Mululo recomenda um período de preparação de três a seis meses antes da tentativa de gravidez, natural ou assistida. Nesse intervalo, é importante ajustar os níveis de vitaminas e minerais, praticar atividade física e reduzir o consumo de álcool e cigarro. No caso de quem realiza fertilização in vitro (FIV), a alimentação tende a ser ainda mais controlada. Ademais, a nutricionista esclarece que o investimento físico e emocional é grande, e o corpo precisa estar nas melhores condições possíveis, pois uma dieta limpa, rica em nutrientes e livre de inflamatórios, melhora as respostas do organismo ao tratamento.
A fertilidade é um projeto a dois
Embora o tema da fertilidade seja mais frequentemente associado às mulheres, a especialista reforça que metade da responsabilidade está do lado masculino. O estilo de vida e a alimentação influenciam diretamente a qualidade do esperma. Sono regular, manejo do estresse, redução do álcool e abandono do tabagismo são medidas que fazem diferença. "A fertilidade é um projeto compartilhado. Não adianta apenas um parceiro mudar os hábitos; o sucesso depende do comprometimento de ambos", afirma.
Mitos e recomendações práticas
Entre os principais mitos relacionados à fertilidade, Mululo destaca a crença de que um único alimento pode fazer milagre. "Nenhum alimento isolado é capaz de resolver o problema. O que funciona é um conjunto de boas práticas: alimentação anti-inflamatória, sono de qualidade e rotina equilibrada", pontua.
A nutricionista recomenda que casais que desejam engravidar procurem acompanhamento médico e nutricional antecipadamente, preferencialmente de três a seis meses antes da tentativa. O ajuste da dieta, a reposição de nutrientes e a adoção de hábitos saudáveis aumentam significativamente as chances de sucesso. "Não desista. Procure profissionais qualificados, cuide-se e lembre-se de que o apoio e a sintonia do casal, tanto na alimenação quanto no processo, são fundamentais. Essa é uma jornada que não deve ser vivida sozinha", finaliza.
