Drake tenta adiar recurso contra Universal Music Group por 'Not Like Us'
Recurso de difamação sobre "Not Like Us" pode ganhar fôlego após pedido de prorrogação
O rapper Drake solicitou na última sexta, 28, junto ao tribunal, que o prazo para apresentar sua argumentação no recurso contra a UMG seja estendido por conta da temporada de festas e sobrecarga de casos por parte dos advogados envolvidos.
Atualmente, o cronograma previa que o primeiro documento fosse entregue até 22 de dezembro de 2025. Com a nova solicitação, o prazo passaria para 21 de janeiro de 2026, enquanto a resposta da gravadora ficaria para 27 de março. Se aprovado, a réplica final de Drake seria entregue até 17 de abril.
A justificativa oficial cita três motivos: advogados viajando nas férias, envolvimento em outros casos de alto perfil (inclusive o de outra celebridade) e a intenção de permitir que terceiros submetam "amicus briefs" (opiniões de pessoas ou instituições não envolvidas diretamente mas interessadas no desfecho).
O pedido de adiamento reabre temporariamente o debate sobre o caso, que desde outubro já tinha sofrido um revés: a justiça americana rejeitou a ação original de Drake, ao considerar que a faixa "Not Like Us", de Kendrick Lamar, se enquadra como expressão artística, protegida pela Constituição, e não como declaração de fatos passível de difamação.
Mesmo com a derrota inicial, Drake recorreu oficialmente em 29 de outubro. A expectativa agora recai sobre o novo cronograma e se terceiros, colegas, advogados ou instituições ligadas à liberdade artística, decidirão intervir no processo, o que poderia ampliar o alcance da disputa para além da relação entre artista e gravadora.
Disputa longe de acabar
A disputa teve início em 2024, dentro de uma das rivalidades mais comentadas do hip hop: o duelo público entre Drake e Kendrick Lamar. Em "Not Like Us", Lamar faz acusações graves, como insinuações de pedofilia, contra Drake, o que levou o canadense a processar a UMG por suposta difamação, argumentando que a gravadora impulsionou a música mesmo sabendo das acusações.
Em nove de outubro de 2025, a juíza federal Jeannette Vargas rejeitou o processo, afirmando que o contexto de guerra de diss tracks torna improvável que um ouvinte razoável interpretasse as letras como "fatos verificáveis". Assim, considerou que se tratava de "opinião" — expressão artística protegida pela Primeira Emenda.
Mesmo com o revés, Drake não desistiu e ativou o recurso, na esperança de que a corte de apelações reavalie os limites entre arte, narrativa e responsabilidade civil em músicas polêmicas.