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Spike Lee chama Bolsonaro de gângster no Festival de Cannes

Presidente do júri, cineasta também citou Trump e Putin como "bandidos" que "não têm moral ou escrúpulos"

6 jul 2021 - 14h54
(atualizado às 15h04)
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Foto: Instagram/Festival de Cannes / Pipoca Moderna

O cineasta norte-americano Spike Lee, que preside o júri da 74ª edição do Festival de Cannes, chamou de "gângster" o presidente brasileiro Jair Bolsonaro durante a primeira entrevista coletiva do evento, nesta terça-feira, 6.

"O mundo está sendo comandado por gângsteres. Há o Agente Laranja [o ex-presidente dos EUA Donald Trump], o cara do Brasil [Jair Bolsonaro] e [o presidente russo Vladimir] Putin. São bandidos e vão fazer o que desejarem. Não têm moral ou escrúpulos, precisamos falar alto sobre gente assim."

A declaração foi só uma mostra do que vem por aí, já que o evento também conta com o cineasta brasileiro Kleber Mendonça Filho (de 'Bacurau') em seu júri, responsável por um famoso protesto no tapete vermelho do festival francês contra o Impeachment de Dilma Rousseff.

Spike Lee é o primeiro artista preto a ocupar a presidência do festival francês, mas já participou três vezes da disputa pela Palma de Ouro. Ele venceu o grande prêmio do júri em 2018 por 'Infiltrado na Klan', mas é considerado injustiçado por ter sido preterido pelo júri presido por Wim Wenders em 1989, quando exibiu seu filme mais importante, 'Faça a Coisa Certa'.

"Muita gente disse que o filme daria início a uma série de motins raciais pelos EUA", lembrou Lee, em referência ao conteúdo do filme, que termina com uma rebelião racial em um bairro negro em Nova York. "Escrevi o filme em 1988. Mas quando vejo o irmão Eric Garner e o rei George Floyd mortos [homens negros assassinados por policiais brancos, em 2014 e 2020], lembro do [personagem de 'Faça a Coisa Certa' também assassinado] Radio Raheem. Você imaginaria que 30 malditos anos depois a população negra não fosse mais caçada como animais."

O cineasta, que lançou seu filme mais recente 'Destacamento Blood' pela Netflix, também comentou a resistência do Festival de Cannes ao streaming, proibindo a inclusão de filmes não feitos para o cinema na competição.

Para Lee, o streaming não ameaça o cinema. "Não é uma novidade, porque é sempre um ciclo", afirmou, lembrando que a TV e os vídeos também sofreram a acusação de causarem o fim da experiência cinematográfica. "O cinema e o streaming podem, sim, coexistir."

O Festival de Cannes começa oficialmente nesta terça na França, com a exibição da estreia mundial de 'Annette', aguardado longa do francês Leos Carax, estrelado por Marion Cotillard e Adam Driver.

Além de Spike Lee e Kleber Mendonça Filho, o júri do festival também inclui duas diretoras de cinema: a francesa Mati Diop ('Atlantique') e a austríaca Jessica Hausner ('Little Joe'). O corpo de jurados se completa com cinco atores: o sul-coreano Song Kang-ho ('Parasita'), o francês Tahar Rahim ('O Mauritano'), a norte-americana Maggie Gyllenhaal ('Secretária'), a francesa Mélanie Laurent ('Oxigênio') e a canadense Mylène Farme ('A Casa do Medo - Incidente em Ghostland'), que também é cantora e compositora.

Com seis mulheres e quatro homens, trata-se de um dos grupos mais diversos da história de Cannes.

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