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Análise: 'A Felicidade das Pequenas Coisas' reflete a cultura e a vida simples butanesa

Filme do Butão que concorre a uma vaga no Oscar estreia nos cinemas brasileiros

27 jan 2022 - 08h12
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No ano passado, a comissão que escolheu o filme brasileiro para a disputa do Oscar apostou no efeito chileno - Uma Mulher Fantástica - e indicou o longa de Aly Muritiba, Deserto Particular, sobre o envolvimento do policial com a mulher trans. O filme não ficou entre os 15 pré-indicados. Um filme do Butão cavou sua pré-indicação. Chama-se A Felicidade das Pequenas Coisas. Estreia nesta quinta, 27. Em inglês, o título é Lunana - A Yak in the Classroom.

Lunana é a cidade no alto das montanhas para onde é enviado o professor. Seu sonho é migrar para a Austrália, mas um programa de cidadania em seu país o envia para essa comunidade distante. Ele já chega com data marcada para ir embora. Percorre o caminho de outros professores na tela. Os alunos aprendem a ler, escrever, falar inglês. Ele aprende as coisas simples da vida. A felicidade das pequenas coisas que a agitação da cidade não lhe permite ver.

Os Oscars de Parasita, do sul-coreano Bong Joon-ho, fizeram história na Academia. Comparativamente, o aspirante do Butão, escrito e realizado por Pawo Choyning Dorji, pode ser considerado o suprassumo do déjà-vu, mas nem tanto. O sonho do professor é ser cantor - todo mundo canta em Lunana. Na montanha gelada, o costume é acender o fogo com o material defecado pelos iaques, espécie de búfalos que fornecem carne, leite e montaria.

O iaque é tão integrado à comunidade que passa a viver dentro da sala de aula. E quando Ugyen, o professor, já está em Sidney, cantando naquele bar, provoca estranhamento ao soltar a voz numa das canções que aprendeu na escola. Ele pode ter abandonado Lunana, mas Lunana permanece nele. É um filme tão simples que muito provavelmente não passará para a próxima etapa do Oscar. Pode dar um nó na cabeça dos que vão escolher a próxima tentativa do Brasil nos prêmios da Academia. Não existe fórmula. Temas ousados - Parasita, Uma Mulher Fantástica -, sim. Mas A Felicidade das Pequenas Coisas da vida ainda tem seu atrativo na Academia. O que se espera é que os filmes reflitam o país, a cultura, que os produziram.

Estadão
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