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‘Alvorada’ acompanha Dilma Rousseff durante impeachment

Documentário estreia nesta terça (13) no festival ‘É Tudo Verdade’ e deve chegar ao circuito comercial em maio

13 abr 2021 - 12h11
(atualizado às 12h39)
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O processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, ocorrido em 2016, já foi retratado em diversas produções do cinema nacional. 'Em Democracia em Vertigem' (2019), por exemplo, a cineasta Petra Costa retratou a derrocada do regime democrático no País; já em 'O Processo' (2018), de Maria Augusta Ramos, vemos os bastidores do julgamento que culminou no afastamento de Dilma.

Agora, chegou a hora da estreia do aguardado 'Alvorada', outro documentário dirigido por mulheres. O longa será exibido gratuitamente na plataforma Looke nesta terça (13), às 21 horas, com reprise na quarta (14), às 15 horas. É preciso fazer um cadastro no site.

Filme acompanha a intimidade da ex-presidente Dilma durante o processo de impeachment
Filme acompanha a intimidade da ex-presidente Dilma durante o processo de impeachment
Foto: Divulgação/É Tudo Verdade

No filme, as diretoras Anna Muylaert e Lô Politi trazem uma perspectiva diferente do que já conhecemos sobre o caso. Desta vez, estamos dentro do Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República, e podemos acompanhar o dia a dia de uma chefe de estado no momento mais dramático de seu mandato - a possível perda do cargo.

De forma inédita, observamos o cotidiano e a intimidade da primeira e única mulher eleita para o principal cargo do País, além da rotina de seus assessores e funcionários. A impressão é que estamos dentro do palácio, como uma mosca, ouvindo conversas reservadas e reuniões secretas. 

Apesar disso, fica claro que Dilma impôs uma série de regras e limites para a filmagem - em vários momentos, ela pede para que as câmeras sejam desligadas. Também é possível perceber que a tal intimidade a que temos acesso é de certa forma restrita, pois não entra em qualquer detalhe sobre a vida pessoal da presidente ou seus momentos de folga. O que vemos é uma chefe de Estado firme e convicta, que luta até o final para reverter a decisão do Congresso.

O marco temporal do documentário vai desde o afastamento provisório da então presidente, em maio de 2016, até a resolução do processo que levou ao impeachment, em setembro. Nesse ínterim, ‘presenciamos’ as reuniões dos advogados de defesa; o momento em que Dilma redige uma carta ao Senado e à nação; diversas entrevistas para a imprensa nacional e estrangeira; encontros com políticos e personalidades; e os bastidores do julgamento de dentro do palácio. Em nenhum momento as filmagens acontecem na Câmara ou no Senado Federal.

Documentário estreia nesta terça (13) no festival ‘É Tudo Verdade’ e deve chegar ao circuito comercial em maio
Documentário estreia nesta terça (13) no festival ‘É Tudo Verdade’ e deve chegar ao circuito comercial em maio
Foto: Divulgação/É Tudo Verdade

Mas o que chama a atenção, em meio a tantos compromissos oficiais, é a personalidade de Dilma. Uma mulher que não se abala em nenhum momento - ao menos nos que foram capturados pelas câmeras -, e que não mostra qualquer sinal de fraqueza ou angústia. Durante a entrevista que a ex-presidente concedeu à equipe do filme, ela conta como jamais desmorona e que, em determinada época, precisou se esforçar para entender porque as pessoas perdiam a razão.

Não é particularmente difícil imaginar por quê. Ex-militante de organizações de esquerda, Dilma esteve presa por três anos e foi torturada durante 22 dias pelo regime militar. Estudou economia, teve câncer, seguiu na carreira política e fez história ao se tornar a primeira mulher da história a governar o Brasil. Eleita, foi retirada do cargo por um processo no mínimo controverso, orquestrado por seus opositores.

Ainda assim, é surpreendente perceber como, mesmo em meio a um processo turbulento, sofrendo pressões de todos os lados, ela permanece tranquila e coerente com seus princípios. Repete diversas vezes que não irá renunciar, que está sendo vítima de um golpe e que se preocupa com o futuro da democracia brasileira. Após o resultado, permanece firme e se despede com carinho dos funcionários que a acompanharam durante quase seis anos de mandato. É aplaudida e abraçada, e sai de cabeça erguida, com a confiança de quem aguarda o julgamento da história.

Todas as filmagens aconteceram dentro do Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República
Todas as filmagens aconteceram dentro do Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República
Foto: Divulgação/É Tudo Verdade

É claro que, como todo documentário, 'Alvorada' também traz um registro histórico com determinado ponto de vista. As diretoras defendem a tese de que Dilma sofreu um golpe premeditado para tirá-la do poder. E, para elas, esse acontecimento mudou o rumo da história do país, culminando na crise que vivemos hoje.

“Hoje, quase 5 anos depois, como consequência direta daquele período conturbado, vivemos uma crise sanitária, econômica, política e moral no Brasil – talvez a maior de nossa história. Acreditamos que ver o filme hoje e poder observar como ela reagiu pessoalmente a sua retirada do poder possa talvez nos ajudar a compreender um pouco mais porque chegamos até aqui”, analisam as cineastas.

Concordemos com ou não com o processo de impeachment (ou golpe?), é inegável que, após assistir ao longa, nos perguntemos como ela aguentou tantos ataques vindos de todas as direções. Como primeira mulher a liderar o país, teve que lidar não apenas com as críticas ao seu modo de governar, mas com as inúmeras ofensas machistas e misóginas. Foi retratada na imprensa como “surtada” e “descontrolada”, e a população lotou as varandas para xingá-la de nomes que não valem a pena mencionar.

Dito isso, o filme é valioso como registro histórico de um momento decisivo na história do Brasil, e traz uma visão íntima de como é governar um país - e um palácio cheio de funcionários. Também traz uma visão mais humana sobre o processo de impeachment, retratando as pessoas por trás dos fatos.

Fonte: Redação Terra
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