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Morte de Robin Williams coincide com aumento de suicídios nos EUA, aponta estudo

Principais vítimas foram homens e pessoas entre 30 e 44 anos.

13 fev 2018 - 09h25
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A morte de Robin Williams em agosto de 2014 causou comoção mundial. Com vários sucessos em sua carreira diante das câmeras, especialmente em papéis cômicos, foi um choque descobrir que um artista que provocou tantas risadas no público tirou a própria vida. Quase quatro anos depois, um levantamento revelou um triste impacto do falecimento do ator na sociedade americana.

Foto: AdoroCinema / AdoroCinema

Em um artigo publicado na revista científica PLOS ONE, foi constatado que o número de suicídios nos Estados Unidos aumentou 10% nos cinco meses que seguiram a morte do ator vencedor do Oscar por Gênio Indomável (1997). 

Conduzida por David S. Fink, Julian Santaella-Tenorio e Katherine M. Keyes, a pesquisa compilou informações do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês). Foram analisados os dados sobre suicídios no país entre 1999 e 2015 e a partir daí os pesquisadores identificaram matematicamente como foi a progressão de casos assim ao longo dos anos.

"Nossas estatísticas indicavam que deveríamos esperar 16.849 suicídios entre agosto e dezembro de 2014; entretanto, nós observamos 18.690 suicídios neste período, o que sugere um acréscimo de 1.841 casos (9,85% de aumento). Apesar do aumento nas taxas de suicídios terem sido observadas em grupos de diferentes gêneros e idades, homens e pessoas entre 30 e 44 anos tiveram as maiores taxas de suicídios no período", diz o levantamento. "Este foi o primeiro estudo a examinar as consequências do suicídio de uma celebridade na era digital", afirmou David S. Fink, pesquisador com pós-doutorado em epidemiologia que liderou o estudo na Columbia University, em Nova York.

Pesquisas semelhantes já haviam comprovado que suicídios de celebridades costumam impactar a vida de pessoas comuns de forma tangível. "Quando outras pessoas veem uma pessoa que elas conhecem, podem acabar se identificando com essa experiência. Elas adquirem a habilidade de agir. É aí que a imprensa entra. Quanto mais pessoas ficarem sabendo de detalhes específicos, haverá, em potencial, um número maior de casos de identificação", avaliou Fink.

O estudo pontua que a Organização Mundial da Saúde orientou a imprensa reportar casos de suicídios de celebridades muito famosas sem sensacionalismo e sem entrar em detalhes desnecessários sobre os métodos que a vítima usou para tirar a própria vida. Além disso, era recomendado que notícias sobre casos de suicídio viessem acompanhadas de mensagens consistentes sobre prevenção e ajuda para pessoas que podem pensar em realizar tal ato. O levantamento diz que "é questionável" se a imprensa americana seguiu essas diretrizes ao noticiar a morte de Williams.

A morte da estrela de Uma Babá Quase Perfeita é comparada com a morte de Kurt Cobain, líder da banda Nirvana, que se suicidou no auge de sua popularidade, em 1994. "Houve um impacto mínimo da morte de Cobain nas taxas de suicídio de Seattle, nos Estados Unidos, e evidências disponíveis para a consulta indicam que reportagens restritivas sobre a morte, assim como mensagens consistentes relacionadas à prevenção do suicídio durante a cobertura da imprensa podem ter ocupado um papel importante para impedir suicídios subsequentes."

Os pesquisadores afirmaram que não era possível cravar com certeza que o aumento da taxa de suicídios nos EUA entre agosto e dezembro de 2014 pode ser atribuída somente a morte de Robin Williams. Entretanto, a conclusão do estudo diz que é "improvável" que outros eventos tenham tido mais influência nas taxas de morte auto-infligida no país durante o período analisado.

AdoroCinema
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