Chicleteiras relatam as melhores cantadas do Carnaval baiano
- Daniel Favero
- Direto de Salvador
As cantadas de Carnaval costumam ser bem humoradas, criativas e ousadas, além de entrarem na bagagem dos foliões que levam para casa uma boa leva de boas histórias. Alguns realmente se dedicam ao ofício de descolar um beijo ou, na pior das hipóteses, um sorriso das belas folionas dentro dos blocos.
A reportagem do Terra conversou com chicleteiras, fãs da banda Chiclete com Banana, que aguardavam o início do show, no último dia de Carnaval, no circuito de Campo Grande, em Salvador, e ouviu diversas histórias engraçadas de paqueras de Carnaval.
Umas das mais divertidas foram as relatadas pelas brasilienses Ana Carolina, 21 anos, e Rebeca Vasconcelos, 25 anos. "Tinha um que colocava uma bolinha na sua mão e quando você tentava devolver ele dizia: 'você tá me dando bola?'. Outro perguntava: 'você é baiana? Porque eu quero rodar a baiana'", diz Rebeca. Segundo elas, alguns davam até flores e outros eram mais incisivos. "Falavam: perguntar não ofende, né? Então me dá um beijo?", brinca Ana.
Segundo a paraibana Carla Lima, 29 anos, não tem muita conversa. "Eles chegam perguntando seu nome, de onde você é, e já tentam beijar. se não der não perdem muito tempo, seguem adiante". A paulista Nathalie Gonçalvez diz que nesse Carnaval as abordagens costumam ser feitas em forma de música. "Eles chegam falando 'coméquivocesamba'". Ela também foi alvo de algumas bem criativas. "Tinha um que vinha com um anel de noivado, um que algemava as meninas e outro parava em frente a você com um livro cujo título era 'Como falar com as mulheres'. Deu para rir bastante".
A servidora pública Luana Lopes, 35 anos, que é casada, diz que os assédios acontecem quando o marido se afasta, mesmo que por alguns minutos. "Eles pegam no cabelo, te olham no meio da folia e acham que já podem tentar te beijar", diz ela, afirmando ainda que o marido é muito tranqüilo. "Para vir para o Carnaval de Salvador acompanhado, tem que ser".
A mineira Poliana Drumound diz que uma das mais "fofas" que viu foi a do livro, mas classifica as placas como uma das mais legais. "Eles vem com uma placa dizendo: quer amizade; difícil e só para beijar. São ideias que chamam a atenção", opina. A carioca Tatiana Teixeira, 27 anos, diz que a forma de paquerar varia de acordo com o Estado. "O carioca é mais atirado, já chega tentando beijar, já o paulista e o baiano tentam conversar".
Para Patrícia Lorena, 40 anos, uma das mais legais era de um folião que carregava uma placa com a inscrição: Openbeijo. "Sempre é divertido". A paulista Patrícia Dabus, 28 anos, relata uma das piores que ouviu. "São os caras que perguntam se você quer subir no trio". Ela considera, no entanto, que as investidas mais criativas requerem muito tempo e criatividade. "A pessoas realmente empenham muito tempo e criatividade parta bolar essas cantadas".
Veja algumas das cantadas:
- Dar uma bolinha para a mulher e quando ela tentar lhe devolver falar: você está me dando bola?
- Perguntar se a moça é baiana e, independente da resposta, dizer: porque eu queria rodar a baiana
- Usar cartazes com as inscrições: 'tô livre', 'difícil', 'beijos aqui' ou 'cutucar', essa última em referência ao Facebook
- Abordar cantando: 'comequivocêsamba'
- Levar um livro com o título: 'Como conversar com mulheres'.