RJ: Com enredo sobre fama, Salgueiro celebra 60 anos
Atual vice-campeã do Carnaval carioca, a Acadêmicos do Salgueiro vai falar da busca pela fama ao longo da história da humanidade. Mas celebridades não serão o foco principal da escola. De forma relativa, elas serão até poucas no desfile da agremiação, a segunda a entrar na Marquês de Sapucaí no domingo de Carnaval. A ideia é celebrar a própria escola, que completa 60 anos este ano, sem a presença maciça de famosos.
“O desfile chega ao ponto final celebrando a escola. A gente finaliza com a fama do Salgueiro. A escola faz 60 anos este ano. E o carro que vai fechar exalta a linha afro, tão celebrada em Carnavais passados no Salgueiro”, afirma o diretor de Carnaval da vermelho e branco da Tijuca, Dudu Azevedo.
O enredo do Salgueiro foi envolto em polêmica ao longo do ano passado, depois de o deputado estadual Marcelo Freixo (Psol-RJ) criticá-lo ao defender que escolas com temas que ele julga sem relevância cultural e histórica não deveriam receber recursos públicos. Na época, Freixo era candidato à prefeitura do Rio.
Antes disso, o enredo suscitou dúvidas no meio do samba, diante de informações de que teria sido uma escolha da revista Caras, patrocinadora do Salgueiro no Carnaval 2013. Azevedo nega prontamente, e sustenta que o carnavalesco Renato Lage decidiu falar da fama por conta própria, antes de qualquer apoio ter sido fechado. “Essa questão do patrocínio ficou tão banalizada no Carnaval, que às vezes, as pessoas não entendem. O enredo Fama surgiu antes, e a Caras decidiu apoiar”, argumenta Azevedo.
Garantindo que o organograma de preparação do Carnaval está absolutamente em dia, o diretor explica que o desfile vai mostrar que a busca pela fama não é um fenômeno recente. Desde faraós que se mumificavam para ficar famosos, até o rei francês Luís XIV, que pintava o rosto e mandava entregar a imagem nas províncias para anunciar que era o grande monarca.
O desfile vai lembrar os bailes de máscaras e vai mencionar as pessoas que buscam a fama atrás de um personagem, como os palhaços. Figuras famosas como Van Gogh e Tarsila do Amaral ilustrarão aqueles que ganharam fama por pintar alguém ou retratar algo por meio da pintura.
Na atualidade, não faltarão exemplos daqueles que modificam o corpo em busca da perfeição, para se promoverem, assim como as mulheres que dão expediente em praias com roupas minúsculas para obterem espaço na mídia.
Dudu Azevedo não nega que o Salgueiro esteja entre as escolas favoritas ao título do Carnaval este ano, mas frisa que tudo será resolvido dentro da avenida. “O trabalho feito aqui dá esse favoritismo ao Salgueiro. Temos o Renato Lage, estrutura, organização, uma equipe de barracão que está junta há 10 anos. A gente faz Carnaval para ganhar, para brigar. Nem estamos vendo o que as outras estão fazendo, mas a gente sabe que o nosso projeto é campeão. Mas tem que ir para a avenida”, observa.
Assimilar os erros do passado foi um dos passos do Salgueiro para buscar o título este ano. Em 2012, a escola perdeu pontos em evolução, mestre-sala e porta bandeira, e comissão de frente.
“Na evolução, tivemos um problema em um carro alegórico. Por isso, refizemos as bases de quatro carros, e construímos mais alegorias hidráulicas, pensando em um trabalho tranquilo. Para a comissão de frente, trouxemos o coreógrafo Hélio Bejani. E para a dupla de mestre-sala e porta bandeira, a Beth Bejani está cuidando da coreografia”, ressalta.
Questionado sobre uma característica visível que a escola vai apresentar na Sapucaí, Azevedo não pensa duas vezes antes de responder. Cita que a escola virá com bastante alegria. “Não entramos com aquele lance de um marchando atrás do outro. É o componente solto, brincando, com fantasias leves e descritivas. Apostamos no conjunto de visual e técnica”, acrescenta o diretor.