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Livro narra início do 'tsunami literário' de Elena Ferrante

Editor conta o estupor ao receber primeiros manuscritos

13 jan 2022 - 13h50
(atualizado em 14/1/2022 às 14h14)
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Um livro que será lançado na Itália no próximo dia 19 de janeiro conta detalhes sobre a publicação de "A amiga genial", volume que abre a tetralogia best-seller da misteriosa escritora Elena Ferrante.

Cena de 'My brilliant friend', adaptação da HBO para 'A amiga genial'
Cena de 'My brilliant friend', adaptação da HBO para 'A amiga genial'
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

"L'editore presuntuoso" ("O editor presunçoso", em tradução livre) é de autoria de Sandro Ferri, fundador da Edizioni e/o, editora de Ferrante na Itália desde seu primeiro romance, "Um amor incômodo", publicado em 1992.

Durante duas décadas, a escritora anônima teve um sucesso discreto com três romances, mas tudo mudaria em janeiro de 2011, quando Ferri e sua esposa, Sandra Ozzola, receberam o primeiro manuscrito de "A amiga genial".

"Janeiro de 2011. Eu e Sandra estamos sentados na poltrona em casa, em dois cômodos conjugados. Apenas uma porta semiaberta nos separa. Lemos ininterruptamente há algumas horas. Silenciosos. Concentrados. Não tomo sequer uma taça de vinho. Chegaram as primeiras 60 páginas do novo romance de Elena Ferrante. Chama-se 'A amiga genial'", conta Ferri em um dos capítulos do livro, disponibilizado à ANSA pela Edizioni e/o.

Segundo o editor, ele e sua esposa levantaram os olhos dos papéis, empurraram a porta e se entreolharam: "E agora? Como vamos fazer sem a sequência?". Ferri relata que essa situação se repetiu por meses, com o manuscrito chegando pouco a pouco.

"Depois de alguns meses, chegamos a um ponto de virada. A autora nos chama. 'Acho que acabei a primeira parte, mas as protagonistas têm só 16 anos. O que devo fazer?' Ficamos sem palavras. 'Primeira parte?! Mas era para ser um volume único, e já tem 400 páginas.' 'Vou precisar escrever outros volumes.' 'Quantos?!' (com alegria mal disfarçada). 'Não sei.'", narra o editor.

De acordo com Ferri, os livros eram publicados conforme ficavam prontos. "O processo de correção com Elena é muito longo. Os rascunhos vêm e vão, em um ping-pong extenuante. Ela é muito exigente, que não haja imprecisões, contradições temporais, erros de digitação. Mas o prazer continua por anos. Cada vez que chegam as novas páginas é uma festa. Vivemos suspensos na expectativa dos capítulos sucessivos. Uma experiência absolutamente nova", conta.

Segundo o editor, nada prenunciava o "tsunami literário" provocado por "A amiga genial". "Apenas uma pequena conversa, muito intensa, ocorrida anos antes entre nós e ela na beira de um lago. Falamos de famílias, do lugar das mulheres nas famílias de origem e naquelas nas quais elas entram como casadas. Elena havia acenado a uma festa de matrimônio. Reencontramo-la nas últimas páginas da primeira parte, anos depois", escreve Ferri, em referência ao casamento de Lila e Stefano, que encerra "A amiga genial".

Batizada como tetralogia napolitana, a série de quatro volumes conta a história de duas amigas da periferia de Nápoles, Lenù (apelido de Elena) e Lila, escrita pela primeira após o súbito desaparecimento da segunda.

A narrativa começa com Lenù recebendo a notícia de que Lila, já idosa, havia sumido sem deixar rastros, cumprindo um antigo desejo. Irritada, ela decide relatar toda a trajetória de sua amizade, desde a primeira infância até a velhice.

Como pano de fundo, Ferrante descreve as tensões enfrentadas pela Itália e por Nápoles no pós-guerra, como os anos de chumbo, o fascismo, o comunismo e o crescimento da Camorra, e a tentativa das duas amigas, cada uma a seu modo, de se libertarem da vida de miséria, exploração e violência à qual nasceram condenadas.

Ansa - Brasil   
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