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Do folhetim ao fenômeno: conheça o livro que foi o primeiro best-seller brasileiro

O Guarani de José de Alencar: resumo da trama, contexto histórico, autor, adaptações e impacto como possível primeiro best-seller

25 dez 2025 - 19h00
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Publicado inicialmente em formato de folhetim em 1857, "O Guarani", de José de Alencar, é apontado por estudiosos como um marco na formação do romance brasileiro e na consolidação de um público leitor no país. A obra circulou primeiro em jornal, em capítulos, conquistando leitores semana após semana, e só depois ganhou formato de livro. O enredo, ambientado no período colonial, combina aventura, idealização romântica do indígena e paisagens da floresta, elementos que ajudaram a fixar a imagem de um "romance nacional" no século XIX.

Como a maior parte dos folhetins da época, "O Guarani" foi pensado para manter o interesse contínuo do leitor, com ganchos, conflitos familiares e choques culturais. A história do indígena Peri e de Cecília, filha de um fidalgo português, foi recebida com grande repercussão na imprensa da época e contribuiu para difundir a ideia de que havia, de fato, um público consumidor de literatura no Brasil. Por essa razão, a obra é frequentemente descrita como o primeiro best-seller brasileiro, ainda que o conceito de best-seller, no século XIX, seja diferente do utilizado no mercado editorial atual.

Quantos exemplares "O Guarani" vendeu ao todo?

As pesquisas disponíveis indicam que não há registro preciso e unificado do número total de exemplares vendidos de "O Guarani" desde o século XIX até hoje. A obra circulou inicialmente em jornal e, em seguida, por meio de diversas edições em livro, ao longo de mais de um século e meio, publicadas por diferentes editoras. Muitos dados de tiragem do século XIX não foram preservados de forma sistemática ou não são de acesso público.

O que se encontra em estudos de história do livro e da leitura é a caracterização de "O Guarani" como um sucesso editorial expressivo para sua época, especialmente se comparado a outros romances brasileiros do período. No entanto, não há um número oficial consolidado, como "x mil cópias vendidas", que possa ser considerado confiável para todo o período de circulação da obra. Em termos de mercado, o rótulo de best-seller se apoia mais na enorme repercussão, no grande número de reedições e adaptações, bem como na presença constante em catálogos escolares, do que em estatísticas detalhadas de vendas.

Antes de virar livro, O Guarani foi publicado em capítulos nos jornais de 1857 – Reprodução/Wikimedia Commons
Antes de virar livro, O Guarani foi publicado em capítulos nos jornais de 1857 – Reprodução/Wikimedia Commons
Foto: Giro 10

Qual a importância de "O Guarani" para o romance nacional?

A palavra-chave central aqui é romance nacional. "O Guarani" é considerado um dos pilares do indianismo romântico, corrente literária que buscou representar o indígena como símbolo da nacionalidade. Em vez de reproduzir apenas modelos europeus, o livro valoriza cenários brasileiros - rios, matas, serras - e constrói um herói indígena idealizado. Esse conjunto de escolhas estéticas ajudou a consolidar a ideia de que o romance brasileiro poderia ter temas, personagens e paisagens próprias.

Entre os aspectos frequentemente destacados por pesquisadores, estão:

  • Cenário brasileiro: uso intenso da paisagem tropical e de referências ao interior do país.
  • Personagem indígena central: Peri, retratado como leal, corajoso e ligado à natureza.
  • Mistura de aventura e sentimentalismo: estratégia que ampliou o alcance junto ao público leitor.
  • Circulação em folhetim: formato que aproximou a obra de um público mais amplo, habituado à leitura de jornais.

Esses elementos explicam por que a obra costuma ser mencionada em estudos sobre a formação do público leitor no Brasil e sobre a afirmação do romance como gênero literário de grande alcance no país.

Quem foi José de Alencar e quanto tempo ele viveu?

José de Alencar nasceu em 1829, em Messejana (hoje bairro de Fortaleza, Ceará), e morreu em 1877, no Rio de Janeiro. Ele viveu, portanto, 48 anos. Atuou como advogado, jornalista, político e romancista, participando ativamente da vida intelectual e pública do Segundo Reinado. Além da produção literária, foi deputado e ocupou cargos importantes no governo imperial, o que o tornou uma figura conhecida tanto no meio político quanto cultural.

Na literatura, sua obra é ampla e costuma ser organizada em diferentes grupos de romances, entre outros gêneros. Alguns títulos frequentemente citados são:

  • Indianistas: "O Guarani" (1857), "Iracema" (1865), "Ubirajara" (1874).
  • Urbanos: "Lucíola" (1862), "Senhora" (1875), "Diva" (1864).
  • Regionais e históricos: "O Gaúcho" (1870), "O Sertanejo" (1875), "As Minas de Prata" (1865-1866).

Além dos romances, José de Alencar escreveu peças teatrais e textos críticos. Sua atuação ajudou a estruturar o cânone do romantismo brasileiro, influenciando gerações posteriores de escritores.

"O Guarani" virou filme, novela ou peça de teatro?

A trajetória de "O Guarani" inclui diversas adaptações para outros meios ao longo de mais de um século. No teatro, a história inspirou montagens e versões cênicas desde o século XIX, acompanhando o interesse do público pelo enredo de Peri e Cecília. Em audiovisual, o romance foi levado ao cinema em produções silenciosas e sonoras, tanto no início quanto em meados do século XX, em versões que condensavam e modificavam partes da narrativa para se adequar ao tempo de exibição.

Na televisão, "O Guarani" também ganhou releituras. A história serviu de base para telenovelas e séries, em geral com adaptações que atualizam linguagens, personagens secundários e ritmo da narrativa, mas mantêm o núcleo central da relação entre o indígena e a jovem branca, o ambiente de conflitos coloniais e o cenário da mata. Em muitos casos, essas versões ampliaram ainda mais a popularidade do título entre novos públicos, especialmente estudantes.

Outro desdobramento relevante foi a transformação de "O Guarani" em ópera, com a famosa obra homônima do compositor italiano Carlos Gomes, estreada em 1870. Embora seja uma recriação musical inspirada no romance, essa ópera colaborou para a projeção internacional do tema e reforçou o vínculo entre a história de José de Alencar e a construção de uma imagem artística do Brasil no exterior.

Ao longo do tempo, a combinação de sucesso editorial, presença constante em escolas, reedições, traduções e adaptações para cinema, televisão, teatro e ópera explica por que "O Guarani", de José de Alencar, continua sendo lembrado como um dos romances centrais da tradição literária brasileira e como uma das obras que mais ajudaram a sedimentar a ideia de um público leitor no país.

Giro 10
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