A fotografia moderna de Nelson Kojranski e outras exposições para conferir em São Paulo
A mostra destaca a contribuição do membro do Foto Cine Clube Bandeirante para a Escola Paulista de Fotografia, com imagens feitas entre os anos 1940 e 1950
Após décadas afastado das conversas centrais sobre a fotografia brasileira, o trabalho de Nelson Kojranski (1927-2015) está sendo resgatado em uma exposição na Kobbi Gallery, na zona oeste de São Paulo. A mostra A Gênese Moderna na Fotografia de Nelson Kojranski, que abre nesta semana, convida o público a conhecer a obra de Kojranski e sua importância para a fotografia moderna brasileira. (Veja abaixo outras exposições da semana).
Membro do Foto Cine Clube Bandeirante (FCCB), Kojranski foi um dos fotógrafos que ajudou a redefinir a maneira de pensar a fotografia no Brasil. Ele participou do grupo que recebeu a alcunha de "Escola Paulista de Fotografia", usada pela primeira vez nas páginas do Estadão, em 15 de setembro de 1950, em referência ao 9º Salão Internacional de Arte Fotográfica, organizado pelo FCCB.
Quem lembra esta história é Rubens Fernandes Junior, curador da mostra na Kobbi Gallery. "A fotografia de Nelson Kojranski está inserida dentro desse conjunto de imagens realizadas entre o final dos anos 1940 e o início de 1950, que esteve presente em salões nacionais e internacionais e que expressa a modernidade da fotografia brasileira", explica ele.
Nos últimos anos, iniciativas do FCCB passaram a resgatar o trabalho de Kojranski, levando suas fotografias a serem expostas em mostras coletivas ao redor do mundo, como o Festival de Arles, na França, em 2025, e no Museu de Arte Moderna de Nova York (MOMA), em 2021.
Para A Gênese Moderna na Fotografia de Nelson Kojranski, o acervo de negativos em posse da família do fotógrafo estava sendo pesquisada há dois anos. As fotografias da mostra, segundo o curador, foram selecionadas a partir desta pesquisa e "em sincronia com a pesquisa dos Boletins do FCCB, de periodicidade mensal."
"Conseguimos identificar e reunir todas as fotografias de Nelson Kojranski publicadas e outras que pontuam sua sintaxe a partir das lições aprendidas no fotoclube. Sim, existia uma troca de informações dentro do FCCB que enfatizavam as regras básicas de luz e composição, afora algumas características próprias criadas e desenvolvidas pelo movimento do fotoclube paulista, a vanguarda da fotografia artística brasileira no período", explica Rubens.
Entre as principais características do trabalho de Kojranski, ele destaca "a diagonal como linha de força na construção da imagem, as relações de contraste entre luz e sombra, a presença humana diminuta no espaço urbano monumental e exuberante, as construções da arquitetura moderna, o posicionamento da câmera (plongée e contre-plongée), entre outras articulações até então inéditas na composição fotográfica".
Esse "frescor", como ele descreve, praticado pelos membros do FCCB, foi disruptivo em uma época em que a fotografia ainda era entendida como instrumento documental, principalmente na prática do fotojornalismo. "Nosso desejo é que o visitante, diante das fotografias de Nelson Kojranski, tenha uma vivência imersiva, capaz de transformar seu universo de certezas", diz o curador.
- Quando: 28/10 a 30/1. Segunda a sexta, das 9h30 às 18h. Sábado, das 9h30 às 15h. Onde: Kobbi Gallery (Tv. Alonso, 23 - Vila Madalena). Quanto: Gratuito.
Outras exposições para conferir nesta semana
'Men in Love' e 'Canção Sublime, Notas Para o Infinito' na Galeria Claraboia
- A Galeria Claraboia abre duas exposições: Men in Love, uma individual de Douglas de Souza com 12 obras inéditas do artista catarinense que abordam as tensões entre "força e fragilidade, masculino e feminino, superfície e interioridade", e Canção Sublime, Notas Para o Infinito, com 30 obras de artistas de diferentes gerações que encontram diálogo na "canção como gesto espiritual e político". A mostra tem trabalhos de Tomie Ohtake, Castiel Vitorino Brasileiro, Maria Martins, entre outros. Quando: 1º/11 a 24/1. Segundo a sexta, das 10h às 19h. Sábado, das 11h às 15h. Onde: Galeria Claraboia (Al. Gabriel Monteiro da Silva, 2.906 - Jardim América). Quanto: Gratuito.
'Vagarosa Luminescência Voadora' na Fortes D'Aloia e Gabriel
- A galeria Fortes D'Aloia e Gabriel recebe uma exposição individual do artista multimídia Luiz Zerbini. Os trabalhos investigam a imagem de cupinzeiros do cerrado brasileiro, com diferentes usos de cor, luz e ritmo que se apresentam em esculturas e pinturas de larga escala. A obras se relacionam em forma e narrativa, abordando a manifestação da natureza de forma contínua e suas transformações. Quando: 1º/11 a 24/1. Terça a sexta-feira, das 10h às 19h. Sábado, das 10h às 18h. Onde: Fortes D'Aloia e Gabriel (Rua James Holland, 71 - Barra Funda). Quanto: Gratuito.
'Belezas São Coisas Acesas por Dentro' no Ateliê Casa Um
- O Ateliê Casa Um recebe uma exposição coletiva dos artistas visuais Anna Guerra, Beatriz Mazer, Lucimar Bello, Pablo Lozano e Sara Bittante, que participam do grupo de estudo Clínica, da Casa Tato, iniciado há mais de um ano. Com instalações, esculturas e pinturas, o coletivo aborda temas como transformação material, linguagem, a ironia do cotidiano, entre outros. A curadoria é de Renato De Cara. Quando: 1º/11 a 22/11. Terça a sexta-feira, das 14 às 18h. Sábado, das 11h às 15h. Onde: Ateliê Casa Um (Rua José Maria Lisboa, 873, casa 1). Quanto: Gratuito.
'Corte Circuito' na Galeria Raquel Arnaud
- A Galeria Raquel Arnaud inaugura uma exposição do português radicado no Brasil Antonio Manuel. Com curadoria de Tiago Mesquita, a mostra apresenta cerca de 30 obras inéditas que inauguram uma nova fase da produção do artista. Entre elas, uma instalação e duas novas séries, incluindo Incontornáveis, composta de pinturas feitas sobre folhas de jornal. Quando: 30/10 a 24/1. Segunda à sexta, das 11h às 19h. Sábado, das 11h às 15h. Onde: Galeria Raquel Arnaud (Rua Fidalga, 125 - Vila Madalena). Quanto: Gratuito.
'Repetición Diferencia' na Galeria Simões de Assis
- A Galeria Simões de Assis abre uma mostra individual do artista mexicano Gabriel de la Mora. A exposição apresenta obras inéditas realizadas com objetos pouco tradicionais, como cascas de ovo, asas de borboleta, penas de pássaro, rocha obsidiana e enfeites reflexivos. Ao todo, são 21 quadros que unem fragmentos em colagens que formam formas geométricas únicas. Quando: 1/11 a 20/12. Segunda a sexta, das 10h às 19h. Sábado, das 10h às 15h. Onde: Galeria Simões de Assis | (Alameda Lorena, 2050 - Jardins). Quanto: Gratuito.
