PUBLICIDADE

Em livro, cineasta conta a história do cinema em São Bernardo

“Cinemando por aí”, obra de Diaulas Ullysses, é fruto de 10 anos de pesquisas sobre o trabalho cinematográfico no ABC Paulista

18 out 2022 - 05h00
(atualizado em 20/10/2022 às 17h05)
Compartilhar
Exibir comentários
O livro “Cinemando por aí” fará parte de uma coleção cinematográfica
O livro “Cinemando por aí” fará parte de uma coleção cinematográfica
Foto: Reprodução

O gosto pelo mundo artístico do teatro e do cinema acompanha o cineasta Diaulas Ullysses, 51, desde a infância na cidade de Mantena, no interior de Minas Gerais. Ele recorda do primeiro filme que assistiu, “Godzilla”, em 1972, quando tinha quatro anos de idade. 

Dois anos depois, ele foi morar em São Bernardo do Campo, cidade do ABC Paulista. Foi na década de 1980 que conheceu o cineasta Aron Feldman (1919-1993), autor do longa-metragem “O Mundo de Anônimo Júnior”, e passou a se interessar em produzir filmes. Além dele, outros artistas também foram inspirações para ele fazer cursos na área. 

O primeiro longa-metragem que ele produziu foi “Maria Madalena”, em 1995, com gravações feitas dentro da igreja São Judas Tadeu, na cidade de São Paulo. “Foi um filme autoral, diferente do segmento religioso. Fiz a produção e edição”, conta com entusiasmo. 

Após o primeiro trabalho, Ullysses participou de palestras, fez faculdade de rádio e TV,  e estudou na ELCV (Escola Livre de Cinema e Vídeo de Santo André). Durante o curso, ele teve outra visão em relação à arte e decidiu que iria viver de cinema. “Meus filmes misturam fantasias com coisas reais”, explica. 

A trajetória fez o cineasta registrar um pouco da memória que viveu e da história do cinema na região do ABC Paulista com o livro “Cinemando por aí: cine caminhos das ações e realizações de cinema da cidade de São Bernardo do Campo”, lançado em abril de 2022 e relançado no mês de novembro pela Laços Editora. 

Com alguns filmes produzidos na Grande São Paulo e interior do estado, Ullysses percebeu que faltavam livros com referências da história cinematográfica do Grande ABC. Ele começou a pesquisar cineastas das setes cidades da região, mas sentiu que muitos não eram lembrados ou então não havia história sobre o trabalho deles. 

Foram 10 anos de pesquisas no Centro de Memória de São Bernardo do Campo e no Pavilhão Vera Cruz, onde encontrou gravações do ator Amácio Mazzaropi (1912-1981), na década de 1950, além de livros, jornais com algumas publicações em redes sociais. 

“Tive dificuldade de encontrar as pessoas, alguns demoravam para responder, outros não lembravam daquela época”, comenta. 

Além desses desafios, no início da pandemia de Covid-19, com os espaços culturais fechados, tornou-se mais complicado desenvolver o trabalho e ele chegou a ficar sem recursos financeiros. Nessa época, viu um edital da Lei Aldir Blanc (nº 14.017/20) e se inscreveu. 

O projeto foi aprovado e o autor teve fôlego financeiro para dar segmento no livro – que  traz a história de artistas e diretores de São Bernardo que não tiveram tanto reconhecimento pelo trabalho que exerceram. Os entrevistados puderam contar um pouco da vida profissional na área do audiovisual.  

“Consegui escrever o livro em seis meses. Retratei a diversidade do cinema, tem alguns que são figurantes, atores e pessoas que trabalhavam como agentes de cultura”, comenta Ullysses. 

Diaulas Ullysses com o cineasta Milton Santos, homenageado na capa do livro
Diaulas Ullysses com o cineasta Milton Santos, homenageado na capa do livro
Foto: Arquivo pessoal

Cinemando por outras cidades 

O desenho na capa do livro é representado pela foto do cineasta são-bernardense Milton Santos Júnior, 57, com uma câmera nas mãos. Ele produz filmes independentes com personagens das periferias na Vila São Pedro, bairro onde reside. 

Ele e Ullysses são amigos e já fizeram trabalhos juntos, como o longa-metragem “Pé de Cabra”, de 2015. “Não imaginava ver minha imagem desenhada no livro. Representar a história da obra cinematográfica é um grande orgulho”, comenta Júnior. 

Com o restante do material, Ullysses pretende fazer um blog com o mesmo nome do livro. Também deseja escrever exemplares sobre o cinema nas outras seis cidades do ABC Paulista: Santo André, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. 

“O projeto não se finda neste volume. Quero dar continuidade para preservar essa memória de pesquisas, entendimentos e leituras sobre o que fizeram ou tentaram fazer nas cidades, referente à linguagem do cinema e do audiovisual”, finaliza. 

O relançamento do livro Cinemando Por Aí ocorre no Centro Audiovisual de São Bernardo (CAV), na avenida Dom Jaime de Barros Câmara, nº 201, dia 24 de novembro, às 19h. 

Agência Mural
Compartilhar
Publicidade
Publicidade