Um em cada oito idosos teve depressão pela 1ª vez na pandemia
Estudo da Universidade de Toronto mostra que parcela de idosos foi muito afetada psicologicamente pela pandemia de covid-19
Um novo estudo da Universidade de Toronto, no Canadá, realizado com mais de 20 mil idosos, mostrou que um em cada oito deles desenvolveu depressão na pandemia de covid-19, sem nunca ter tido a doença antes.
Já os que já haviam apresentado o quadro no passado tiveram índices ainda piores durante o período pandêmico. Em 2020, quase metade (45%) desse grupo registrou estar deprimido.
O trabalho foi publicado no International Journal of Environmental Research and Public Health e analisou respostas dadas ao Estudo Longitudinal Canadense sobre o Envelhecimento, que coletou dados dos participantes por cerca de sete anos.
Outros estudos já haviam apontado o aumento de depressão em idosos durante a fase da pandemia, mas esse é o primeiro que mostrou a incidência da doença pela primeira vez nessa parcela da população.
“A alta taxa de depressão pela primeira vez em 2020 destaca o impacto substancial na saúde mental que a pandemia causou em um grupo anteriormente mentalmente saudável”, afirmou Andie MacNeil, mestre em Serviço Social pela Faculdade de Serviço Social Factor-Inwentash (FIFSW).
De acordo com a coautora Sapriya Birk, a pandemia atingiu com mais força aqueles que já possuíam um histórico depressivo. Por isso os profissionais de saúde devem estar mais atentos a esses casos na triagem de pacientes.
O que estava ligado à depressão?
Entre os fatores associados à depressão entre os mais velhos estavam renda e poupança insuficientes, solidão, dor crônica, dificuldade de acesso a cuidados de saúde, histórico de experiências adversas na infância e conflitos familiares.
Os indivíduos que se sentiam sozinhos, sentindo-se excluídos ou isolados, tiveram aproximadamente quatro a cinco vezes mais chances de depressão incidente e recorrente.
“Essas descobertas destacam a carga desproporcional de saúde mental suportada por indivíduos com baixo status socioeconômico durante a pandemia. Muitos desses fatores de risco socioeconômicos podem ter sido exacerbados pela precariedade econômica da pandemia, particularmente para indivíduos com menos recursos”, comentou a coautora e gerente científica da Agência de Saúde Pública do Canadá, Margaret de Groh.
Outro coautor do estudo e também epidemiologista sênior da Agência de Saúde Pública do Canadá, Ying Jiang, acrescentou que conexões sociais e apoio social são essenciais para o bem-estar. Por isso, não surpreende que idosos tenham passado por dificuldades no lockdown.
Os pesquisadores esperam que as descobertas possam ajudar profissionais de saúde e de assistência social a melhorarem a triagem direcionada e o alcance para identificar e atender os mais velhos com problemas de saúde mental.