Turismo de luxo encontrou oásis no Quênia: um safári que custa US$ 3,5 mil por noite está bloqueando a migração de animais
Ritz-Carlton personifica projeto grande demais, fixo demais e localizado no pior lugar possível
Nos últimos tempos, os conflitos entre grandes projetos turísticos e ecossistemas frágeis têm se multiplicado: desde mega-resorts construídos ao lado de manguezais no Caribe, que destroem barreiras naturais, até hotéis erguidos em áreas de desova de tartarugas ou cabanas sem regulamentação que degradam reservas no Nepal e no Sri Lanka. Cada caso revela o mesmo padrão: a promessa de desenvolvimento econômico imediato versus o risco de danificar paisagens que não se recuperam.
O último: um safári que prejudica a vida de muitos animais.
Um acampamento no pior local possível
O New York Times noticiou recentemente o caso. A inauguração do Ritz-Carlton Masai Mara Safari Camp, com suas suítes de US$ 3,5 mil por noite, piscina privativa e vistas privilegiadas do Rio Sand, desencadeou uma controvérsia que vai muito além do turismo de elite: para os líderes Maasai, guias locais e ecologistas, o resort foi construído em uma das últimas áreas intocadas e bem no coração de um corredor usado por milhões de gnus, zebras e gazelas para migrar anualmente entre o Serengeti e o Masai Mara.
O que a Marriott apresentou como uma incursão "histórica" em safáris de luxo é percebido por muitos como a ameaça mais séria a um corredor natural que sustenta um dos espetáculos ecológicos mais importantes do planeta. A denúncia apresentada pelo acadêmico Maasai Meitamei Olol Dapash argumenta precisamente isso: que o hotel foi construído em uma área crítica onde décadas de dados de monitoramento confirmam um...
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