Psicodélicos são usados no tratamento do luto prolongado
Experimento vai testar como a psilocibina, proveniente dos cogumelos, pode aliviar as dores associadas ao luto prologado, após perder um ente querido
Encarar a morte é um desafio, especialmente para aqueles que ficam. Quando entes queridos falecem em decorrência de um câncer, o risco de um familiar ou amigo próximo desenvolver o luto prolongado — aquele que perdura por um ano ou mais — é bastante elevado. Para ajudar estes pacientes, cientistas australianos vão testar a eficácia do uso de psicodélicos, substâncias provenientes dos cogumelos alucinógenos, associado com sessões de psicoterapia.
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"O luto prolongado pode causar um sofrimento realmente intenso e avassalador, afetando a capacidade de uma pessoa 'funcionar' em casa, no trabalho e em seus relacionamentos", afirma Vanessa Beesley, que é pesquisadora do QIMR Berghofer Medical Research Institute e uma das responsáveis pelo estudo clínico, em nota.
A expectativa é que a psicoterapia assistida por psilocibina — um composto psicodélico encontrado em cerca de 200 espécies de cogumelo, incluindo o Psilocybe cubensis — alivie estas dores do luto, permitindo que o indivíduo retome a sua vida. Na Austrália, a estratégia já é recomendada para casos de depressão resistente ao tratamento. Outros experimentos são feitos para tratar o alcoolismo.
Experimento usa cogumelos para tratar o luto
No total, os pesquisadores irão recrutar até 15 voluntários que estão diagnosticados com a condição do luto prolongado — desde o ano passado, o quadro é oficialmente considerado como um transtorno mental, representado pelo CID 6B42. No total, o experimento apelidado de PARTING deve durar 15 semanas.
Inicialmente, cada voluntário passará por três sessões com um psicólogo, seguido pelo uso do psicodélico psilocibina. Neste dia, o paciente ficará em monitoramento por 8 horas, em uma sala, com máscara para os olhos e músicas de sua preferência, o que permitirá um mergulho em suas emoções. Do lado de fora, estarão um enfermeiro e um terapeuta. Após o uso, o recrutado passará por mais quatro sessões de psicoterapia nas semanas seguintes.
"As sessões de psicoterapia após o dia da dosagem serão focadas em ajudar os participantes a processar sua experiência com a psilocibina e qualquer luto não resolvido", detalha a pesquisadora Beesley. Os encontros também ajudarão a medir o impacto da experiência na vida dos participantes.
Uso de psicodélicos com sessões de terapia
Embora pareça inusitado usar um composto obtido em cogumelos para tratar o luto, é importante lembrar que, hoje, "muitas pessoas não se beneficiam e não respondem aos tratamentos convencionais no campo da saúde mental", explica Stephen Parker, um dos psiquiatras que irá acompanhar o experimento.
Os psicodélicos, caso sejam seguros e eficazes, podem ser uma nova alternativa para essas pessoas resistentes aos tratamentos convencionais. Para isso, precisam ser adequadamente testados. Neste ponto, Parker reforça que "o objetivo é [justamente] examinar se essa terapia é aceitável, segura e potencialmente benéfica para as pessoas de alguma forma". Os resultados devem ser divulgados apenas no ano que vem.
Fonte: QIMR Berghofer Medical Research Institute
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