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Netflix, 25 anos: antes revolucionária, empresa está em queda

Pioneira do streaming, Netflix lida hoje com números de assinantes em queda e rivais com bom conteúdo; e assinatura com anúncio vem aí

29 ago 2022 - 07h15
(atualizado em 30/8/2022 às 17h37)
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Stranger Things, um dos sucessos da Netflix
Stranger Things, um dos sucessos da Netflix
Foto: Divulgação

A Netflix de hoje é muito diferente daquela que surgiu em 29 de agosto de 1997. Na época, surgiu como um negócio de venda e aluguel de DVDs por correio. Ela sequer tinha esse nome na época: chamava-se Kibble (não por muito tempo, claro). Mas foi dez anos depois, em 2007, que a empresa alterou seu negócio para o serviço de vídeos online por demanda, e o resto é história.

Ainda que Netflix tenha virado um sinônimo de streaming, tamanho o seu pioneirismo, é certo que a empresa não está em um de seus melhores momentos neste aniversário de 25 anos. Em abril, divulgou a primeira queda na base de assinantes em mais de uma década (200 mil em um trimestre). Como resultado, perdeu US$ 60 bilhões em valor de mercado, demitiu 300 funcionários, promoveu uma onda de cancelamentos de suas produções próprias e ensaia um modelo de assinatura mais barato, mas com anúncios.

Alguns fatores apontados para a queda foram casuais, como a suspensão do serviço de streaming na Rússia, por conta da guerra com a Ucrânia, e o retorno às atividades presenciais pós-pandemia de covid-19. Outros são mais preocupantes, como a chegada de rivais — Amazon Prime Video, Disney+, HBO Max e o nacional Globoplay — e o hábito de compartilhamento de contas; estimou-se que cerca de 100 milhões de assinantes não pagavam pelo acesso.

Também por conta da concorrência, o conteúdo da Netflix foi afetado. A empresa sabia que o catálogo recheado de filmes e séries de outros estúdios, comum nos primeiros anos, não duraria para sempre. Deu um passo à maturidade em 2013, quando lançou sua primeira produção original, a premiada "House of Cards". Hoje a tendência é inversa; é bem difícil achar no catálogo da Netflix uma produção que não seja original ou parceria com outras empresas.

Kevin Spacey interpretava o político Frank Underwood em "House of Cards", primeira série original da Netflix
Kevin Spacey interpretava o político Frank Underwood em "House of Cards", primeira série original da Netflix
Foto: Ansa / Ansa - Brasil

Chega a concorrência

Mas é evidente que os oponentes têm enfrentando bem com suas armas, seja pela experiência de décadas no entretenimento e grande catálogo, seja pelas vias financeiras. No primeiro caso temos Disney+, que tem diversos selos para a família — Star Wars, Marvel, Pixar e a própria Disney — e a HBO Max, com um guarda-chuva que inclui Cartoon Network, HBO, DC, Warner e produções originais. No segundo flanco, a Amazon comprou a MGM para ter Rocky e James Bond, e ainda tem um dos preços mais baixos (R$ 14,90) com outros serviços inclusos como frete grátis na loja online. 

Falando em preço, é impressionante o quanto a Netflix repassou aos clientes. Em 2014, foi de R$ 16,90 a R$ 19,90. Em 2019, subiu para R$ 21,90. Atualmente, o mais básico está em R$ 25,90, sem direito sequer a definição HD. O plano mais caro, que permite 4k e quatro telas simultâneas, está por R$ 55,90. Enquanto isso, a HBO Max custa a partir de R$ 14,16, e a Disney+, R$ 27,90, além dos citados R$ 14,90 da Amazon Prime Video.

No entanto, há quem veja o cenário por um prisma maior e um amadurecimento do mercado de streaming, sendo mais difícil buscar novos assinantes. Muitos apostam em uma nova onda na Disney+: um estudo do ano passado diz que, em cinco anos, a plataforma deve ganhar 140 milhões de clientes, chegando a 284 milhões de assinaturas. O total superaria a Netflix, que ganharia 53 milhões de novas inscrições até 2026, chegando a 271 milhões de assinantes.

A HBO Max está em uma transição após a Warner Bros. Discovery confirmar que a plataforma de streaming e a Discovery+ seriam unificadas. Isso gerou críticas do público após o CEO, David Zaslav, anunciar o cancelamento de filmes prontos como "Batgirl" por não se encaixarem nos seus futuros planos. Tensões à parte, o catálogo da Discovery poderá ser um ativo difícil de superar.

"Sandman", um dos sucessos recentes da Netflix
"Sandman", um dos sucessos recentes da Netflix
Foto: Divulgação/Netflix / Pipoca Moderna

Maratonar série, um hábito em xeque

Voltando à Netflix, o momento estaria afetando até seus próprios paradigmas de anos. O serviço sempre foi vista como uma incentivadora das maratonas de séries, mas é curioso que, neste momento de crise, tenha abrido mão disso recentemente na quarta temporada de "Stranger Things", soltando os dois episódios finais semanas depois dos oito primeiros. Também soltou um episódio extra de "Sandman" dias depois dos dez anteriores. Truque para segurar a audiência em queda?

Paradoxalmente, Neil Gaiman, criador da HQ "Sandman" e um dos produtores da série homônima da Netflix, pediu aos fãs para maratonarem o programa para garantir uma nova temporada, mesmo com o sucesso mundial de público. Isso, diz ele, é uma das métricas que garantiriam a renovação da série para mais temporadas. E a grana para fazê-la não é pouca, por causa dos efeitos especiais, então a contabilidade da empresa vai colocar tudo isso na balança na hora de renová-lo ou não.

Enquanto aguardamos o que será dos novos modelos de assinatura — anúncio não é TV aberta demais, Netflix? — vamos torcer para que a empresa mantenha tanto a qualidade de seu conteúdo sem sacrificar demais seu custo-benefício, fatores que a levaram onde está hoje.

Fonte: Redação Byte
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