Não é turismo: EUA garantem posição estratégica em Trindade e Tobago e mudam o tabuleiro militar da região
Autorização para voos militares americanos no Caribe expõe movimento calculado de Washington em meio à escalada contra a Venezuela e levanta dúvidas sobre o real objetivo da "cooperação em segurança"
Se alguém ainda tinha dúvidas de que o Caribe voltou a ser peça-chave no xadrez geopolítico das Américas, a decisão de Trindade e Tobago ajuda a dissipar qualquer ilusão. O governo do país autorizou oficialmente o uso de seus dois principais aeroportos internacionais — Piarco e Arthur NR Robinson — por aeronaves militares dos Estados Unidos nas próximas semanas. No discurso oficial, trata-se de logística, cooperação bilateral e segurança regional. Na prática, é muito mais do que isso.
A autorização chega em um momento especialmente sensível. A Casa Branca acaba de divulgar sua Estratégia de Segurança Nacional para 2025, documento que deixa claro o interesse dos EUA em ampliar sua presença militar no entorno da Venezuela, sob a justificativa de conter migração irregular, tráfico de drogas e instabilidade regional. Trindade e Tobago, a poucos quilômetros da costa venezuelana, surge como um ponto de apoio extremamente estratégico.
O governo local tenta não criar faíscas. O Ministério das Relações Exteriores descreve as operações como "de natureza logística", focadas em reabastecimento e rotação de pessoal. A primeira-ministra Kamla Persad-Bissessar reforça o discurso de cooperação e segurança compartilhada. Ainda assim, os fatos contam outra história. Nos últimos meses, a presença americana no país deixou de ser discreta: exercícios militares conjuntos, o envio do destróier USS Gravely e, talvez mais simbólico, a instalação de um sistema avançado de radar no aeroporto Arthur NR ...
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