Mais uma vez, temos astronautas presos no espaço; o motivo: um parafuso de 1 centímetro
A ameaça mais séria para a continuidade das missões continua sendo a mais minúscula
É preciso muito pouco — um parafuso, uma lasca metálica, um grão de tinta viajando a 28.000 km/h — para deixar astronautas encalhados. O episódio recente da Shenzhou-20, provavelmente atingida por um fragmento tão pequeno que nem sequer podia ser rastreado, voltou a demonstrar que, além do marketing do "novo espaço", a vulnerabilidade básica das missões tripuladas permanece intacta.
A história recente — da estação chinesa Tiangong à ISS — confirma que estadias prolongadas, cápsulas inutilizadas e retornos improvisados não são anomalias: são o preço inevitável de operar em um ambiente saturado de objetos viajando em velocidades hipersônicas, onde qualquer imprevisto desencadeia cadeias logísticas complexas para as quais ninguém está totalmente preparado.
O aumento exponencial das atividades em órbita baixa criou um ecossistema em que o número de satélites ativos já ultrapassa amplamente os 9.000, e onde dezenas de milhares de fragmentos maiores são monitorados — mas milhões de microdetritos (do tamanho de um parafuso ou menores) circulam sem qualquer possibilidade de detecção. A consequência prática é que qualquer cápsula, por mais robusta que seja, enfrenta um risco permanente de impactos invisíveis capazes de trincar janelas, danificar escudos térmicos ou inutilizar propulsores sem aviso prévio.
Ao mesmo tempo, a complexidade logística cresce: mais atores privados, mais veículos diferentes, maior dependência do clima e mais pontos críticos em cada missão. A combinação de ...
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