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Mais da metade das ligações indesejadas são feitas por robôs no Brasil

O spam telefônico, referente às ligações com menos de 3 segundos, equivalem a 51% do total de ligações realizadas no Brasil.

24 mar 2023 - 00h00
(atualizado às 12h03)
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Entre 15 e 21 de janeiro de 2023, o Brasil registrou uma média de 2,47 bilhões de ligações feitas por robôs por semana, conforme os dados divulgados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). O número é referente às ligações com menos de três segundos de duração e equivale a 51% do total de ligações feitas no país durante a pesquisa.

No ano passado, a Anatel lançou uma medida cautelar para reprimir a atitude abusiva das empresas. Somente na primeira semana de maio de 2022, a agência computou 3,59 bilhões de ligações de spam — equivalente a 60% do total de chamadas registradas no período.

Em uma nota enviada ao portal Byte, a Anatel afirmou que as medidas adotadas continuam vigorando até o final de abril de 2023. Apesar do número ainda ser assustador, a agência constata a redução do número de spam telefônico desde que a ação entrou em vigor.

Em média, brasileiros recebem 13 ligações de spam por semana em 2023

Uma pesquisa realizada no último mês com 2 mil brasileiros revelou que, em média, são recebidas 13 ligações de spam por semana. A pesquisadora Inês Ferreira, da Escola Superior de Comunicação Social (ESCS), de Lisboa, publicou os resultados online, confira:

  • 59% conhece alguém que já foi vítima de golpe telefônico;
  • 24,8% paga por aplicativo anti-spam;
  • 1 em 5 brasileiros recebe ligações de spam depois das 20h;
  • 83% dos brasileiros já pegaram um golpista em ação pelo celular;
  • 96% têm medo de que familiares ou amigos mais velhos possam ser vítimas de golpes telefônicos.

Medidas da Anatel

Foto: (Imagem: Reprodução/Taylor Grote/Unsplash) / Canaltech

Em entrevista para o portal Tilt, Cristiana Camarate, superintendente de relações com consumidores da Anatel, explica como funciona a punição para as empresas que assumem esse comportamento, considerado abusivo, de importunação com os clientes:

"Como punição, a medida prevê que as empresas que fazem mais de 100 mil chamadas de três segundos por dia e aquelas que a proporção de chamadas rápidas seja igual ou superior a 85% entre todos os telefonemas feitos na data, ficam 15 dias bloqueadas e impedidas de fazer chamadas nesse período", explica.

A superintendente ainda revela que apesar da redução após o anúncio das medidas, os números estão voltando a crescer: "Esses números são sazonais, eles acabam variando de uma semana para a outra. É um trabalho incessante e a longo prazo até que esse número baixe ainda mais. Estamos estudando uma sequência de medidas para serem implantadas ao longo dos anos".

Como funcionam os robocalls?

Os robocalls são tecnologias de software que utilizam inteligência artificial (IA) para realizar ligações automatizadas em massa. Com o objetivo de facilitar o trabalho do funcionário, evitando que precise perder tempo ligando de cliente em clientes, o sistema contacta diversos clientes ao mesmo tempo, os direcionando para funcionários assim que atendem a chamada — é o que explica Thiago Frederick, diretor comercial da Callflex+VoxAge, empresa que cria robôs de telemarketing para empresas.

O que acontece na realidade, porém, é que alguns segundos após o cliente dizer "alô", o robô desliga a chamada. Segundo a Anatel, muitas empresas usam essa 'tática' para atualizarem seus cadastros como "prova de vida", ou seja, saber quando um número está sendo utilizado e se o cliente atende desconhecidos. "Com a tecnologia, ligam para dez pessoas simultaneamente para que uma atenda e, assim, eles atualizam os sistemas próprios de bancos de dados", acrescenta a Camarate de relações com consumidores.

O que fazer para barrar o spam?

O consumidor pode utilizar a ferramenta "Não me perturbe" gratuitamente para não receber ligações de empresas, basta fazer a solicitação pelo site. Uma outra alternativa é o portal "Qual Empresa Me Ligou?", lançado em fevereiro deste ano, onde os clientes podem verificar quem está realizando as chamadas e fazer uma reclamação direta na empresa.

Em entrevista para o portal Tilt, a advogada Marina Freire Santos, especialista em direito do consumidor, disse que somente após esgotadas todas as possibilidades, o usuário deve recorrer à justiça "pleiteando a abstenção das ligações, e eventual indenização por danos morais que tenha sofrido".

Fonte: Byte; Tilt

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