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QuintoAndar faz demissões após patrocínio milionário no Big Brother Brasil 22

Startup de compra, venda e aluguel de imóveis faz reestruturação que pode ter resultado no corte de até 20% do quadro de funcionários; empresa fala em 4%

12 abr 2022 - 17h39
(atualizado às 18h37)
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Atualizado às 18h31 para incluir o dado de demissões divulgado pelo QuintoAndar

A startup de compra e aluguel de imóveis QuintoAndar fez na manhã desta terça, 12, um corte de funcionários - internamente, fala-se em torno de 20% do quadro de 4 mil funcionários. Ao Estadão, a empresa afirma que o número foi de 4%. As demissões afetaram todas as áreas da empresa, como tecnologia, marketing e recursos humanos, em diversas cidades do País, como São Paulo e Rio de Janeiro (as equipes vinham trabalhando remotamente desde o início da pandemia).

Segundo apurou a reportagem, todas as contratações foram congeladas há duas semanas, o que aumentou o clima de tensão entre os funcionários. Antes disso, a empresa já havia mudado o plano de saúde dos empregados, abandonando a cobertura integral pelo modelo de coparticipação.

Em nota à reportagem, o QuintoAndar diz: "Como parte dos nossos ciclos internos de eficiência e de uma empresa em constante evolução, frequentemente fazemos ajustes em como nos organizamos internamente e, em alguns casos, no dimensionamento das equipes. Não comentamos publicamente sobre essas mudanças por se tratarem de ajustes de percurso que todas empresas fazem de tempos em tempos e, também, para preservar as nossas pessoas".

QuintoAndar fez demissões nesta terça
QuintoAndar fez demissões nesta terça
Foto: Divulgação / Estadão

De acordo com uma das pessoas ouvidas pela reportagem, um dos motivos para a reestruturação seria o fraco desempenho da plataforma de compra e venda de imóveis, diante do cenário de crise econômica e alta dos juros - as projeções de crescimento da empresa teriam sido revisadas. É uma informação, porém, que a companhia refuta.

À reportagem, o QuintoAndar afirma que, no primeiro trimestre deste ano, a plataforma de comercialização de imóveis cresceu 30% em relação ao quatro trimestre do ano passado - o número seria de 23% para o serviço de aluguel. Em fevereiro, houve queda de 20% em relação a janeiro na obtenção de crédito imobiliário, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança.

A companhia ainda nega que os cortes ocorreram por um momento de crise na companhia - as demissões ocorrem apenas oito meses após o QuintoAndar receber um investimento de US$ 420 milhões para crescer suas operações. A reorganização, porém, pode estar ligada a um movimento de acomodação da empresa às aquisições feitas recentemente. No ano passado, o QuintoAndar iniciou um movimento de expansão pela América Latina, adquirindo seis novas startups do setor imobiliário. A aquisição mais recente foi do aplicativo para condomínios Noknox. A companhia também está abrindo escritório em Portugal.

No começo do ano, a empresa investiu também em marketing, aparecendo como um dos principais patrocinadores do Big Brother Brasil 22 e lançando uma campanha com nomes como o cantor Milton Nascimento, a ginasta Rebeca Andrade e a campeã do BBB 20 Thelma. O programa da TV Globo tinha cotas entre R$ 12 milhões e R$ 92 milhões. Segundo a empresa, a decisão pelo investimento foi tomada no meio do ano passado e não teria relações com os cortes.

Em abril de 2020, após o começo da pandemia, o QuintoAndar também fez um corte de 8% no seu quadro de funcionários, mas voltou a fazer contratações posteriormente. O cenário, porém, agora é outro: há dois anos, a empresa tentava se preparar para o período de pandemia, cujo impacto ainda era incerto.

Agora, o QuintoAndar parece sinalizar que há um movimento de desaceleração no ecossistema de startups. Há duas semanas, Masayoshi Son, presidente do SoftBank, um dos maiores investidores de startups no País e investidor do QuintoAndar, disse que conglomerado japonês deve reduzir os investimentos em empresas de tecnologia neste ano devido aos maus resultados das empresas nas quais investe - as informações são do jornal Financial Times.

Estadão
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