Impasse entre Dassault e Airbus coloca em cheque o FCAS, caça europeu que deveria substituir os F-35; Europa agora busca outro caminho
O bloco agora se volta ao combat cloud, uma plataforma de compartilhamento de dados para todo tipo de aeronaves
O Future Combat Air System (FCAS), concebido em 2017 como a grande aposta da Europa para construir o ecossistema aéreo de combate da segunda metade do século 21 e reduzir a dependência em relação aos EUA, enfrenta sua crise mais profunda.
Alemanha e França, motores políticos e industriais do projeto, consideram abandonar sua peça mais simbólica (o caça de nova geração) para se concentrar em seu único elemento ainda viável: o combat cloud, uma rede de comando e controle baseada em inteligência artificial capaz de integrar aviões tripulados, enxames de drones, radares, sensores e sistemas navais e terrestres em um mesmo ambiente operacional.
A mudança não parece ser apenas uma reorientação técnica, mas sim o reconhecimento implícito de que as divergências entre Airbus e Dassault Aviation chegaram a um ponto sem retorno. Em um momento em que a Europa busca demonstrar autonomia estratégica após a invasão russa da Ucrânia, o maior programa militar do continente corre risco de se romper devido à incapacidade de seus dois principais contratistas de compartilhar responsabilidades, ceder controle e alinhar visões industriais incompatíveis.
O divórcio Airbus-Dassault
O conflito entre a Dassault e a Airbus não é novo, mas agora atingiu um nível de tensão que torna impossível avançar com o caça. A Dassault, criadora do Rafale e empresa de tradição familiar, exige autoridade total sobre o projeto do avião e a escolha dos fornecedores. Por sua vez, a Airbus (que representa a Alemanha e ...
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