Estudantes revelam mistério em papiro de 2.000 anos queimado pelo Vesúvio
Pesquisadores usam IA para ler escrita grega em papiro carbonizado pela erupção do Vesúvio, revelando obra filosófica inédita
Uma equipe de pesquisadores utilizou inteligência artificial (IA) para decifrar o conteúdo de um papiro grego carbonizado e enterrado há 2.000 anos pela erupção do Monte Vesúvio.
A pesquisa, que reuniu estudantes do Egito, Suíça e Estados Unidos, foi vencedora na última segunda-feira (5) da competição acadêmica "Desafio do Vesúvio", faturando US$ 700 mil (cerca de R$ 3,5 milhões).
O trabalho revelou uma obra filosófica até então desconhecida, que discute os sentidos e o prazer. São centenas de palavras em 15 colunas de texto, correspondendo a cerca de 5% de um pergaminho. O papiro em questão faz parte de centenas encontrados no século XVIII, em uma villa romana de luxo em Herculaneum, Itália.
Veja análise do papiro antigo
Esses fragmentos, transformados em cinzas carbonizadas, são conhecidos como os papiros de Herculaneum. Devido a seu processo de degradação, os papéis eram frágeis demais para serem manuseados por humanos.
Como estavam enrolados, os pesquisadores precisaram usar algoritmos e imagens de tomografia computadorizada para "abrir digitalmente" a fonte histórica.
O próximo passo é decifrar uma obra inteira. Um empresário do Vale do Silício envolvido na competição, Nat Friedman, anunciou um novo conjunto de prêmios do Desafio Vesúvio para 2024, com o objetivo de ler 90% de um pergaminho até o final do ano
"Parece um milagre. Não acredito que funcionou", disse ele em um artigo publicado na revista científica Nature.
O texto revelado pela IA discute fontes de sensações boas, incluindo música, o sabor de alcaparras e a cor roxa. Embora não nomeie seu autor, é provavelmente obra de Filodemo, segundo os autores do estudo. A obra enciona um flautista chamado Xenofântus, conhecido por ter inspirado Alexandre, o Grande.