Cobrar hora extra de funcionário cria efeito oposto ao esperado, diz pesquisa
Trabalhadores que passam muito tempo em reuniões também sentem que não têm tempo suficiente para se concentrar, segundo o Slack
Uma pesquisa com 10,3 mil trabalhadores realizada pelo Slack, plataforma de comunicação interna de empresas, revelou que funcionários que se sentem obrigados a fazer horas extras ficam menos produtivos.
Segundo o Índice de Força de Trabalho do Slack, divulgado na terça-feira (5), trabalhadores que se sentem obrigados a trabalhar a mais têm índices de produtividade 20% menores do que aqueles que se desconectam no final do expediente.
Quem faz horas extras também relata:
Estresse relacionado ao trabalho 2,1x pior;
Satisfação 1,7x menor com o ambiente geral de trabalho;
Índice de burnout 2x maior.
Por outro lado, os funcionários que trabalham fora do horário normal por opção, para melhor se adequarem ao seu horário ou para perseguirem ambições pessoais, não relatam impactos negativos e até mesmo um ligeiro aumento nas suas pontuações de bem-estar e produtividade.
A pesquisa descobriu também que, apesar de pausas durante o dia melhorarem a produtividade e o bem-estar dos funcionários, metade dos entrevistados afirmam que raramente ou nunca as fazem. Esses trabalhadores têm 1,7x mais probabilidade de sofrer esgotamento mental.
Quem faz pausas, por outro lado, apresenta pontuações 62% mais elevadas em termos de equilíbrio entre vida profissional e pessoal, 43% mais capacidade de gerir o stress e a ansiedade, 43% mais satisfação geral e pontuações 13% mais elevadas em produtividade.
Reuniões demais, conexão de menos
Mais de um em cada quatro trabalhadores administrativos (27%), incluindo mais de metade (55%) dos executivos, afirmam que passam tempo demais em reuniões. Uma parcela parecida (25%) de todos os trabalhadores administrativos, incluindo 43% dos executivos, afirma que passa muito tempo enviando e-mails.
Um em cada cinco (20%) não tem tempo suficiente para se conectar com colegas de trabalho, e esse problema é mais pronunciado entre os funcionários mais juniores. A maioria (71%) dos trabalhadores administrativos concorda que o final da tarde é o pior horário para trabalhar, com a produtividade piorando entre 15h e 18h.
E a IA com isso?
Quase todos os executivos entrevistados – 94% – sentem alguma urgência em incorporar inteligência artificial (IA) nas suas organizações. Entretanto, a adoção da nova tecnologia ainda está em fase inicial, segundo o Slack, com apenas um em cada cinco trabalhadores de escritório afirmando que usa ferramentas do tipo no trabalho.
A expectativa é que a IA ajudará com notas de reuniões e recapitulações, assistência na redação e automação de fluxos de trabalho.
Metodologia
O Workforce Index entrevistou 10.333 trabalhadores nos EUA, Austrália, França, Alemanha, Japão e Reino Unido entre 24 de agosto e 15 de setembro de 2023. A pesquisa foi administrada pela Qualtrics e não teve como alvo funcionários ou clientes do Slack ou Salesforce.
Os entrevistados eram todos funcionários administrativos, definidos como empregados em tempo integral (30 horas ou mais por semana) e que desempenhavam uma das funções listadas abaixo ou diziam que “trabalham com dados, analisam informações ou pensam criativamente”: gestão executiva, gestão sênior, gerência intermediária, gerência júnior, equipe sênior (não relacionado a gestão), trabalhador de escritório qualificado (por exemplo, analista e designer gráfico).