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Cientistas brasileiros estão estudando vacinas inovadoras contra dengue e zika

Pesquisadores da ICB-USP têm desenvolvido vacinas transcutâneas, aplicadas na pele, e combinadas com outros antígenos para combater dengue e zika

16 ago 2022 - 22h57
(atualizado em 17/8/2022 às 11h42)
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Cientistas do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) vêm testando inúmeros métodos novos de vacinas contra os vírus da dengue e da zika: há pelo menos três estudos em fase pré-clínica utilizando métodos inovadores pelos pesquisadores, que contam com apoio de projetos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

Foto: twenty20photos/envato / Canaltech

Proteínas e aplicação transcutânea

Para a dengue, a novidade fica por conta da chamada vacina de subunidade. Nela, são usadas partes do vírus que ativam a resposta imune do corpo, neste caso, a proteína viral NS1, já usada em outros imunizantes. O grupo de pesquisa responsável guiou a proteína até as células dendríticas, que apresentam antígeno com grande potencial de ativação do sistema imune.

Além disso, a aplicação do imunizante também é inovadora, já que é feita via transcutânea, com adesivos que trazem antígenos do patógeno. Nos testes com camundongos, a resposta dos anticorpos anti-NS1 foi potencializada e ficou nas amostras de sangue por mais tempo, além de evitar efeitos colaterais devido ao modo de aplicação. Um estudo sobre o caso foi publicado na revista Vaccines.

Vacina combinada

Outro estudo, desta vez publicado em Frontiers in Medical Technology, focou em uma vacina genética contra o vírus da zika. Também baseada na sequência da proteína NS1, ela é fundida geneticamente a outra (glicoproteína D do vírus herpes simples, tipo 1) para aumentar a reação imunológica. Em testes animais, ela dobrou a proteção contra infecção, e ainda pode ser adaptada a outras doenças.

Já um terceiro estudo, publicado no periódico Viruses, descreveu os resultados de testes com a vacina transcutânea com antígenos em camundongos, que mostrou uma eficácia protetiva entre 80% e 100%. Segundo os autores, a pele é um órgão imunologicamente ativo, e assim pode responder a infecções da mesma forma que o tecido intramuscular, mais comum para os imunizantes.

A técnica transcutânea é promissora para a diminuição de déficits vacinais, já que permite a imunização sem o uso de agulhas, que afasta pacientes com medo ou impossibilidade de serem vacinados por esse método. O método também pode reduzir custos da aquisição de insumos, já que dispensa agulhas e seringas para sua aplicação.

Outras vacinas

As novas pesquisas, segundo os cientistas, ajudam a suprir a demanda das vacinas e permite que sejam utilizadas de maneira conjunta, intercalando as doses necessárias, assim como aconteceu com a covid-19. Várias iniciativas, atualmente, buscam vacinas contra a dengue. A Dengvaxia, fabricada pela Sanofi-Pasteur, é a única aprovada no Brasil, mas sua eficácia em pessoas que não foram expostas à dengue é baixa, então é aplicada somente em instituições privadas.

Outras vacinas em estágio avançado de desenvolvimento, com mais eficácia do que a Dengvaxia, já foram submetidas à aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), como a da fabricante Takeda (TAK-003) e a do Instituto Butantan, em parceria com o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID) dos Estados Unidos.

Fonte: MDPI 1, 2, Frontiers

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