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Pesquisa identifica ligação entre câncer e estresse

13 jan 2010 - 18h15
(atualizado às 19h48)
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Pesquisadores chineses e americanos demonstraram cientificamente pela primeira vez que existe uma relação direta entre o câncer e o estresse. A pesquisa está publicada na edição desta quarta da revista Nature, onde os cientistas afirmam que as células atingidas pelo estresse podem emitir sinais que induzem à geração de tumores que afetam às células sadias vizinhas.

Apesar de ter sido realizado com moscas de frutas, o estudo indica que os mesmos genes e as mesmas sequências biológicas envolvidas neste processo estão presentes nos seres humanos.

Até agora, se sabia que as inflamações crônicas, causas-chave do estresse, estão associadas com o crescimento dos tumores em doentes de câncer e alguns especialistas argumentam que as emoções negativas, os hormônios do estresse, as inflamações e o câncer podem estar interrelacionados, embora não exista uma evidência clara.

Também há um consenso que as mutações genéticas causadoras do câncer só afetam individualmente as células. Mas este estudo indica que nem sempre é assim, já que diferentes mutações em células distintas podem colaborar, entre estas na geração Y, no desenvolvimento dos tumores.

Os autores do estudo centraram o trabalho na atividade de dois genes mutantes causadoras de cânceres. Um deles é o RAS, que está relacionado com 30% dos casos da doença, e o outro é um gene supressor dos tumores que quando se apresenta de maneira defeituosa propicia o desenvolvimento do câncer. Nenhum gene RAS mutante e nenhuma versão mutante do gene supressor podem por si só causar um câncer.

Os pesquisadores estudaram as moscas das frutas que levavam as mutações genéticas e descobriram que uma célula que tem só o RAS mutante pode gerar um tumor maligno se envolvida a uma célula próxima com um gene supressor defeituoso.

A conclusão é que o estresse era o fator determinante que unia a as células, gerando proteínas marcadoras, para poder passar de célula para célula.

O professor Tian Xu, da University of Connecticut School of Medicine (EUA), principal responsável pela pesquisa, manifestou que "são más notícias", porque "há uma grande variedade de condições que podem desencadear o estresse físico e emocional, assim como as infecções e as inflamações".

Definitivamente, o estudo demonstra que é mais fácil do que se pensava que o câncer se arraigue no organismo humano, após constatar a maior probabilidade das mutações atingirem várias células distintas do que em uma só.

A boa notícia é que também identifica uma nova via potencial para deter o câncer, se for possível bloquear a origem do sinal de estresse que recebem as células.

"Um melhor entendimento do mecanismo subjacente na geração do câncer sempre oferece novos instrumentos para combater a doença", destacou o professor Wu.

EFE   
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