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Descoberta uma das primeiras bactérias a habitar a Terra, há 407 mi de anos

Cientistas descobrem uma das primeiras bactérias a se desenvolver no solo do planeta, a Langiella scourfieldii; a espécie competiu por espaço com as plantas

18 set 2023 - 19h17
(atualizado às 22h44)
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Buscando entender como a vida microbiana ocorria nos primeiros ecossistemas terrestres, cientistas do Museu de História Natural (NHM) de Londres e de outros institutos britânicos de pesquisa descobriram uma das primeiras bactérias a habitar o solo da Terra, a Langiella scourfieldii. Diferente dos patógenos que causam doenças em humanos hoje, esse tipo de bactéria — que vivia no planeta há 407 milhões de anos, durante o Devoniano Inferior — é conhecido como uma cianobactéria, e foi fundamental no processo de produção de oxigênio da atmosfera.

Foto: Ivan Bandura/Unsplash / Canaltech

Em artigo publicado na revista iScience, os pesquisadores afirmam que esta espécie de cianobactéria da família Hapalosiphonacean cresceu no solo durante o mesmo período ou mesmo antes que as primeiras plantas terrestres se desenvolvessem. Na verdade, os grupos podem ter competido pelo mesmo espaço. Independente da disputa, milhões de anos depois, os descendentes foram fundamentais para que a vida no planeta ocorresse como a conhecemos hoje.

Cientistas descobrem uma das primeiras bactérias que cresceu no solo do planeta Terra (Imagem: Strullu-Derrien et al., 2023/iScience)
Cientistas descobrem uma das primeiras bactérias que cresceu no solo do planeta Terra (Imagem: Strullu-Derrien et al., 2023/iScience)
Foto: Canaltech

Cabe observar que, além do solo, a cianobactéria se proliferava também em porções de água doce, como lagos, e ainda em fontes termais. Na época, o local se parecia, em partes, como o Parque Nacional de Yellowstone, nos EUA. Passados milhões de anos, as suas descendentes ainda mantêm habitats semelhantes na natureza, só que se expandiram ainda mais.

O que são cianobactérias?

Antes de seguir, vale entender o que são as cianobactérias. Independente do ambiente em que cresciam, este tipo de bactéria está entre as primeiras já descobertas no planeta. Por exemplo, existem achados fósseis em rochas marinhas com aproximadamente de 2 bilhões de anos — neste caso, as amostras não incluem uma espécie que crescia no solo, como a Langiella scourfieldii.

Por serem capazes de realizar o processo de fotossíntese, de forma parecida com as plantas, as cianobactérias contribuíram com a formação de uma atmosfera rica em oxigênio, algo fundamental para a evolução da vida.

Inclusive, as cianobactérias fotossintetizantes iniciaram o Grande Evento de Oxigenação (GEO), também chamado de Catástrofe do Oxigênio, há cerca de 2,4 milhões de anos. Neste período, o oxigênio começou a substituir outros gases, como o metano, na atmosfera, desencadeando a primeira extinção em massa da Terra — os mais afetados foram os organismos exclusivamente adaptados à vida anaeróbica.

Hoje, as cianobactérias — e as descendentes da Langiella scourfieldii — vivem em praticamente todos os ambientes aquáticos do planeta, incluindo as rochas da Antártida. Em comum, são reconhecidas por crescerem em colônias de bactérias e, dessa forma, formarem estruturas visíveis a olho nu, marcadas pela forte coloração azulada (ou esverdeada) que dão à água.

A seguir, veja as cianobactérias atuais se desenvolvendo em laboratório:

Onde a bactéria Langiella scourfieldii foi encontrada?

O interessante é que a Langiella scourfieldii não é uma cianobactéria nova para a ciência. Na verdade, ela foi encontrada, pela primeira vez, em 1959, durante as escavações em uma jazida paleontológica conhecida como Cherte de Rhynie, na Escócia. Os achados daquela época foram caracterizados em três espécies diferentes.

Com a descoberta de novas amostras no mesmo local e das novas tecnologias, os pesquisadores realizaram reconstruções em 3D, confirmando que todos aqueles indivíduos formavam uma única espécie. Em comum, todas continham as primeiras evidências de ramificações, uma das principais características das cianobactérias da família Hapalosiphonacean.

"Isto é emocionante, porque significa que estas são as primeiras cianobactérias deste tipo encontradas em terra", afirma Christine Strullu-Derrien, pesquisadora associada ao museu e a principal autora do estudo, em nota.

Fonte: iScience e NHM

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