'Começamos a ver o Universo como nunca tínhamos visto antes', diz a astrônoma Duília de Mello
Professora de Física participou da Rio Innovation Week e destacou que agora é possível entender como as estrelas nascem e morrem e como as galáxias colidem
Responsável pela descoberta da supernova SN 1997D e pela detecção das chamadas bolhas azuis (estrelas recém-nascidas sem galáxia), a astrônoma Duília de Mello trabalha agora com a análise das imagens geradas pelo Telescópio Espacial Hubble. "O futuro é agora", afirmou, ao encerrar palestra na Rio Innovation Week nesta quarta-feira, 13. "Com o James Webb, começamos a ver o Universo como nunca tínhamos visto antes."
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A ideia de que os telescópios são, na verdade, máquinas do tempo começou a ganhar força em meados do século XX, quando os astrônomos perceberam que, ao observar objetos cada vez mais distantes no espaço, estavam, na verdade, olhando para o passado.
Mas, o lançamento do James Webb, em 2021, levou isso ao extremo ao revelar imagens de galáxias formadas pouco depois do Big Bang, a grande explosão que deu início ao Universo, há 13,8 bilhões de anos. Ainda não é possível ver o Big Bang, mas o James Webb já conseguiu registrar, por exemplo, uma galáxia de apenas 282 milhões de anos.
"O James Webb faz coisas absurdas", afirmou a astrônoma. "Estamos entendendo como as estrelas nascem, como as estrelas morrem, como as galáxias colidem; conseguimos ver um exoplaneta ao redor de sua estrela e até mesmo os anéis de Netuno, que não víamos há 33 anos, desde que a Voyager passou por lá, não é lindo?"
Ao fazer uma retrospectiva de sua carreira, Duília lembrou da descoberta da supernova 1997D, em 1997, no Chile, e da detecção das bolhas azuis ou orfanatos de estrelas, conglomerados de estrelas recém-nascidas que ficam em meio a duas galáxias próximas da colisão.
"Essas galáxias executam um balé, um balé de milhões de anos", contou a astrônoma, que é professora de Física e vice-reitora da Universidade Católica da América, em Washington, nos Estados Unidos. "E no meio delas surgem essas bolhas azuis"
Em 2013, a astrônoma participou também da descoberta da maior galáxia espiral do Universo, a Condor, que, na verdade, consiste em duas galáxias em interação bem próxima.