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CEO do TikTok depõe no Congresso dos EUA

O CEO do TikTok, Shou Zi Chew, foi ao Congresso dos Estados Unidos para responder aos questionamentos dos parlamentares sobre espionagem e vazamento de dados

23 mar 2023 - 23h57
(atualizado em 24/3/2023 às 12h03)
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O Congresso dos Estados Unidos interrogou o CEO do TikTok, Shou Zi Chew, nesta quinta-feira (23). O executivo foi ao parlamento americano para dar explicações sobre a forma como a rede social de vídeos curtos lida com dados de usuários dos EUA.

Foto: World Economic Forum/Flickr / Canaltech

O TikTok está sob ameaça de banimento na terra do Tio Sam, acusado de compartilhar irregularmente informações de pessoas dos EUA com o governo da China. A acusação seria de que a ByteDance, controladora do TikTok, estaria sujeita às leis chinesas, que obrigam o envio de dados quando solicitados pelo Partido Comunista.

Shou Zi Chew começou a falar por volta das 11h (horário de Brasília) para tirar todas as dúvidas de republicanos e democratas presentes na audiência. Foi uma inquisição longa e cheia de caminhos tortuosos para o CEO, que precisou lidar com dúvidas mais relacionadas à espionagem do que propriamente técnicas.

Como foi o depoimento do presidente do TikTok?

A estratégia do executivo foi convencer os legisladores de que o TikTok é uma entidade distinta da ByteDance, de propriedade chinesa. Ele precisou lidar com questionamentos hostis do Comitê de Energia e Comércio da Câmara dos EUA.

A presidente do comitê, Cathy Rodgers, disse que o aplicativo devia ser banido devido a preocupações de segurança sobre a privacidade dos dados do usuário. "O TikTok é uma arma do Partido Comunista Chinês, e não abraça os valores dos EUA", concluiu Rodgers.

A maior parte das perguntas foi centrada na ligação da plataforma com os chineses. A principal certamente foi sobre o acesso de funcionários alocados na China a dados dos norte-americanos, o que Chew disse ser possível. No ano passado, funcionários da ByteDance teriam espionado a conta de autoridades e jornalistas, na tentativa de reconhecer fontes de possíveis vazamentos ou apurações em andamento.

O executivo emendou que um trabalho de desvinculação estaria em andamento para manter as informações pessoais dos usuários americanos nos EUA. O "Projeto Texas" seria um bom exemplo dessa atuação.

Ligação com os chineses

Em alguns momentos, o executivo pareceu um tanto quanto nervoso com as perguntas. Quando foi questionado sobre ter ações da ByteDance, Chew se enrolou para responder até que finalmente admitiu que sim.

Analistas políticos ouvidos pela BBC entenderam que isso poderia ser um indício de que ele teria interesse em manter o vínculo entre as empresas para não desvalorizar os papeis. Além disso, seria mais uma prova de que a companhia-mãe exerce, sim, poder sobre a plataforma de vídeos no ocidente.

Parlamentares também expressaram preocupação com os esforços do TikTok em combater a desinformação. A acusação seria de que não há medidas suficientemente fortes para evitar as fake news e mentiras espalhadas na rede.

O que pode acontecer?

Na semana em que o TikTok celebrou 150 milhões de usuários nos EUA, correspondente a quase metade da população local, a plataforma se viu sobre uma delicada situação. O governo de Joe Biden ameaçou banir o serviço do mercado estadunidense se não houver uma venda total ou parcial para um comprador local.

Movimentação similar foi ensaiada no final do governo do ex-presidente Donald Trump, com Microsoft e Oracle se colocando como interessadas, mas não chegou a avançar. Trump saiu e Biden decidiu analisar a situação de mais perto, mas acabou reforçando o coro de descontentes com o TikTok.

A medida seria uma forma de resguardar o sigilo dos dados, que passariam a ficar sob a tutela das leis dos EUA, em vez de responder aos chineses. O problema é que isso seria um duro golpe para a ByteDance, que perderia a sua influência no ocidente.

Washington parece estar contra Chew, afinal tramita um projeto de lei, apoiado pela Casa Branca, que abriria caminho para o bloqueio do aplicativo. A ida do CEO até lá foi possivelmente a última tentativa de conseguir contornar essa tendência. Será preciso aguardar as cenas dos próximos capítulos para saber qual será o futuro.

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