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Celular deixa de ser "vilão" da memória e pode melhorá-la, diz estudo

Teste da Universidade College London com 158 voluntários descobriu que eletrônicos permitem que o cérebro guarde dados menos importantes

8 ago 2022 - 14h25
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Universidade College London descobriu efeito dos eletrônicos na memória humana
Universidade College London descobriu efeito dos eletrônicos na memória humana
Foto: Yura Fresh / Unsplash

Muitas vezes a tecnologia é acusada de limitar as capacidades do ser humano por facilitar uma série de tarefas físicas e mentais. Há quem ache que celulares e outros aparelhos móveis, por exemplo, nos tornam preguiçosos ou esquecidos ao atuar como uma memória auxiliar. Mas pesquisadores da Universidade College London publicaram um estudo que refuta essa ideia.

A conclusão da pesquisa, publicada na revista acadêmica Journal of Experimental Psychology: General, mostrou que os aparelhos na verdade complementam nossa memória nativa. Eles ajudam as pessoas a armazenar e lembrar informações muito valiosas. Com isso, o cérebro passa a guardar dados menos importantes. O estudo já foi revisado e qualificado pela comunidade científica.

Os pesquisadores usaram o seguinte método para provar esse ponto:

  • Eles desenvolveram uma atividade ligada à memória que seria reproduzida por pessoas em um tablet ou computador. O teste foi realizado por 158 voluntários entre 18 e 71 anos;
  • Aos participantes, foram mostrados até 12 círculos numerados na tela, e eles tiveram que lembrar de arrastar alguns deles para a esquerda e alguns para a direita;
  • O número de círculos que eles se lembraram de arrastar para o lado correto determinou o quanto eles receberiam em dinheiro no final do experimento;
  • Um lado de círculos foi designado como "alto valor", ou seja, lembrar de arrastar um círculo para este lado valia 10 vezes mais dinheiro do que lembrar de arrastar um círculo para o outro lado "de baixo valor";
  • Os participantes realizaram essa tarefa 16 vezes. Eles tiveram que usar sua própria memória para lembrar o lado certo em metade dos testes. Depois, foram autorizados a definir lembretes no aparelho para a outra metade.

Segundo os resultados, os participantes tendiam a usar os eletrônicos para armazenar os detalhes dos círculos de alto valor. E, quando o fizeram, sua memória sobre esses círculos foi melhorada em 18%.

A memória para círculos de baixo valor também foi melhorada em 27%, mesmo em pessoas que nunca tinham definido nenhum lembrete para tais círculos.

No entanto, a conclusão do estudo também revelou que o uso de lembretes traz uma desvantagem. Quando os participantes ficaram sem os aparelhos, lembraram-se melhor dos círculos de baixo valor do que os de alto valor. Isso mostra que eles confiaram demais nos tablets e computadores para "memorizar" os círculos de alto valor e depois esqueceram-se deles.

"Quando as pessoas tinham que se lembrar sozinhas, elas usavam sua capacidade de memória para lembrar as informações mais importantes. Mas quando eles podiam usar o aparelho, salvaram informações de alta importância nele e usaram sua própria memória para informações menos importantes", disse Sam Gilbert, do Instituto de Neurociência Cognitiva da UCL e autor sênior da pesquisa.

Para Gilbert, os resultados mostram que as ferramentas externas de memória não causam "demência digital", como sempre foi especulado. Mas alerta: "Precisamos ter cuidado para que a gente recupere as informações mais importantes. Caso contrário, se uma ferramenta de memória falhar, podemos ficar sem nada além de informações de menor importância em nossa própria memória."

Fonte: Redação Byte
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