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Buracos pré-históricos no fundo do mar são causados pela gravidade

Na costa dos Estados Unidos, um campo de buracos submarinos conhecidos como pockmarks pode ser resultado de sedimentos puxados pela gravidade, segundo estudo

22 mai 2024 - 06h30
(atualizado às 20h21)
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Buracos no fundo do mar intrigam cientistas há décadas em diversas partes do mundo. Um dos campos submarinos repletos dos chamados pockmarks fica na costa da região de Big Sur, no estado americano da Califórnia, e sua ocorrência pode ter sido desvendada por cientistas do Instituto de Pesquisa do Aquário da Baía de Monterey (MBARI) e da Universidade de Stanford.

Foto: MBARI 2019 / Canaltech

Pesquisadores, no geral, apostam na teoria de que os buracos seriam causados pelo vazamento de gás metano e outros fluidos quentes vindos das profundezas da Terra, que jogariam os sedimentos mais leves para longe. Em alguns casos, isso faz sentido, mas no Campo de Pockmarks de Sur, não foram encontradas evidências de metano ou outros fluidos. Qual seria a causa?

Buracos no oceano e a gravidade

O Campo de Pockmarks de Sur é o maior do tipo na América do Norte, tendo o tamanho de uma metrópole e mais de 5.200 buracos — eles possuem, em média, 175 metros de diâmetro e 5 metros de profundidade. O nome "pockmark" vem da comparação, em inglês, das pequenas crateras com marcas de varíola deixadas na pele (varíola, traduzindo, seria "smallpox", e a pronúncia de "pox" lembra "pocks").

O Campo de Pockmarks de Sur, delineado em verde, na costa do estado americano da Califórnia (Imagem: Lundsten et al./JG Earth Surface)
O Campo de Pockmarks de Sur, delineado em verde, na costa do estado americano da Califórnia (Imagem: Lundsten et al./JG Earth Surface)
Foto: Canaltech

O local submarino é cogitado para o projeto de uma plataforma eólica marítima, mas, por conta dos buracos, temeu-se que pudesse haver presença de metano, ameaçando a estabilidade da futura infraestrutura. Cientistas, então, viajaram até a profundidade dos buracos, entre 500 e 1.500 metros abaixo da superfície, com um robô submarino.

Ao invés de encontrar metano, os pesquisadores voltaram com uma nova teoria — a de que os pockmarks seriam resultado da gravidade por si só. Eles estão localizados em um declive continental, e amostras coletadas pelo robô sugerem que sedimentos fluíram pela encosta intermitentemente, ao menos nos últimos 280.000 anos.

O último grande fluxo teria ocorrido há 14 mil anos, de acordo com a análise, por conta de um terremoto ou colapso do declive. Segundo os cientistas do MBARI, eventos como esses podem levar à erosão do centro de cada pockmark, e, quando muito sedimento desce, pode ocorrer uma erosão que gera um pockmark ainda maior, mexendo na estrutura de vários dos buracos dentro de dezenas de quilômetros.

Isso explicaria a ocorrência "em cadeia" do fenômeno. O Campo de Pockmarks de Sur é um dos mais bem estudados da região, mas ainda se sabe pouco sobre ele — como ocorre o movimento dos sedimentos e dos fluidos é algo desconhecido, por exemplo.

Foi só recentemente que se descobriu o papel das toninhas e das enguias na criação de pockmarks menores, por exemplo. Quanto mais sabemos, mais viáveis ficarão projetos de energia sustentável, como a usina eólica que deverá ser instalada no local.

Fonte: EurekAlert!, JGR Earth Surface

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