Brasileira vai receber R$ 700 mil para criar modelo que prevê pandemias
O montante faz parte de um financiamento de R$ 22 milhões para 32 cientistas que conduzem projetos de pesquisa ousados e arriscados
Uma cientista brasileira vai receber um financiamento de pesquisa de R$ 700 mil para investigar se sistemas com inteligência artificial podem ajudar pesquisaores a prever linhagens de vírus que podem causar pandemias.
A bióloga Gabriela Cybis, professora do Departamento de Estatística da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, tentará modelar a filodinâmica de vírus. Trata-se da junção da filogenética (estudo da evolução das espécies) com a dinâmica populacional (variação e mudança no tamanho e na estrutura de populações ao longo do tempo).
Para isso, usará aprendizado de máquina, área da inteligência artificial que ensina as máquinas a aprender e tomar decisões sem serem explicitamente programadas para isso.
"Tem um desafio técnico importante que é montar a estrutura, desenvolver um método de machine learning que a gente ainda não tem", conta a cientista.
Cybis conta que, normalmente, leva certo tempo para que padrões pandêmicos possam ser identificados em populações de vírus em observação. Quando isso é feito, já existe um número muito grande de organismos existentes e pode ser tarde demais para impedir o espalhamento.
O objetivo da pesquisa é treinar um modelo que consiga prever linhagens que devem ser acompanhadas de perto, antes que elas atinjam seu potencial de causar uma pandemia.
"A ideia do método é que a gente consiga, quando as primeiras sequências começam a aparecer, já identificar: 'olha, essa aqui teria um alto potencial", conta.
A pesquisa também vai tentar entender se o surgimento de uma variante de um vírus deixa algum tipo de "assinatura genética" nas outras linhagens que já estão circulando em uma mesma população.
"Se a gente conseguir utilizar isso, talvez consigamos montar um método muito mais poderoso".
O montante faz parte de um financiamento de R$ 22 milhões para 32 cientistas que conduzem projetos de pesquisa ousados e arriscados. O projeto é fruto de uma parceria entre o Instituto Serrapilheira e fundações de amparo à pesquisa estaduais (FAPs).
O montante disponibilizado pelo Serrapilheira é de R$ 9,1 milhões — sendo R$ 3,2 milhões destinados ao chamado bônus da diversidade, a ser investido na formação e integração de pessoas de grupos sub-representados —, e o total oferecido pelas FAPs é de cerca de R$ 13 milhões.
Os contemplados vão receber entre R$ 200 mil e R$ 700 mil, a serem usados durante cinco anos.ma de defesa das plantas, o projeto vai estudar as relações simbióticas entre fungos e plantas.