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As noites estão mais quentes, e isso aumenta o risco de morte, aponta estudo

A qualidade do sono e o número de horas dormidas diminuem quando noites ficam mais quentes. Com o aquecimento global, estas devem se tornar mais comuns na Ásia

10 ago 2022 - 22h51
(atualizado em 11/8/2022 às 11h54)
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Com o aquecimento global, as noites estão mais quentes que o normal e a tendência é que a temperatura média continue a aumentar, o que pode influenciar a saúde de muitas pessoas. Avaliando essas alterações no continente asiático, uma equipe internacional de cientistas estimou que, até 2100, o risco de morte por noites excessivamente quentes deve crescer seis vezes em comparação com 2016.

Publicado na revista científica The Lancet Planetary Health, o estudo sobre o impacto das noites mais quentes integrou equipes de pesquisadores de diferentes países, como China, Coreia do Sul, Japão, Alemanha e Estados Unidos. No total, dados de 28 cidades foram usados no modelo matemático que estimou a mortalidade por excesso de calor.

Foto: Wavebreakmedia/Envato Elements / Canaltech

"O risco de mortalidade relativa em dias com noites quentes pode ser 50% maior do que em dias com noites não quentes", alertam os autores do estudo. Neste cenário, é importante trabalhar em duas frentes: iniciativas para reduzir o aquecimento global e preparar as casas para este aumento de temperatura.

Afinal, segundo os cientistas, as noites mais quentes devem se tornar 75,6% mais frequentes até o final do século. Isso significa que a temperatura média noturna deve saltar de 20,4 °C para 39,7 °C. Apesar dessa alteração, a temperatura média durante o dia não deve passar por mudanças tão drásticas, segundo os modelos matemáticos usados.

Por que noites mais quentes aumentam a mortalidade?

Vale explicar que o calor ambiente durante a noite pode interromper a fisiologia normal do sono e isso implica em diferentes desdobramentos, como poucas horas dormidas. Menos horas de sono podem provocar danos ao sistema imunológico e um risco maior de doenças cardiovasculares, doenças crônicas, inflamação e afetar a saúde mental.

Apesar das inúmeras complicações para a saúde das pessoas, especialmente daquelas que têm mais de 60 anos, "os riscos do aumento da temperatura à noite foram frequentemente negligenciados", lembra o coautor do estudo Yuqiang Zhang, da UNC Gillings School, nos EUA, em comunicado.

"No entanto, em nosso estudo, descobrimos que as ocorrências de excesso de noites quentes (HNE) são projetadas para ocorrer mais rapidamente do que as mudanças diárias de temperatura média. A frequência e a intensidade média das noites quentes aumentariam mais de 30% e 60% por volta de 2100, respectivamente, em comparação com um aumento de menos de 20% para a temperatura média diária", acrescenta Zhang.

Cabe destacar que outro recente estudo, liderado por cientistas da Universidade do Havaí, calculou que as mudanças climáticas podem agravar 58% das doenças infecciosas, o que deve impactar ainda mais a saúde global da população.

Tem como reduzir os riscos do excesso de calor?

"Para combater o risco à saúde gerado pelo aumento da temperatura das mudanças climáticas, devemos projetar maneiras eficientes de ajudar as pessoas a se adaptarem", explica Zhang. Isso envolve repensar não só as construções futuras, mas também as atuais.

"Localmente, o calor durante a noite deve ser levado em consideração ao projetar o futuro sistema de alerta de ondas de calor, especialmente para populações vulneráveis e comunidades de baixa renda, que podem não ter condições de arcar com a despesa adicional de ar condicionado", completa o pesquisador.

Fonte: The Lancet Planetary Health e UNC Gillings School    

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