Antenas Starlink só chegaram a três das 19 mil escolas prometidas
Dados da Anatel indicam que milhares de escolas na região ainda estão sem internet; promessa de fornecimento era até o fim de 2022
Somente três das 19 mil escolas contempladas em um acordo anunciado em maio de 2022 entre o governo Bolsonaro e a Starlink, de Elon Musk, receberam antenas para o acesso à internet via satélite como o prometido.
Para quem tem pressa
- A visita de Musk ao Brasil no ano passado foi usada pelo governo para anunciar uma meta de conectar 100% das escolas públicas da região Norte até o fim de 2022;
- Entretanto, até o momento, nenhum acordo foi firmado e as três antenas disponíveis foram cedidas como uma "demonstração de serviço" da Starlink;
- O governo abriu um edital para provedores de internet interessados em fornecer banda larga a 6,9 mil escolas, mas a empresa de Musk não participou do processo;
- Dados da Anatel indicam que ainda há mais de 5 mil escolas sem internet na região;
- Uma reportagem do UOL mostrou que, ao invés chegarem à educação, os equipamentos de conexão estão sendo adquiridos por garimpeiros.
Mercado paralelo
Esta não é a primeira vez que o uso de equipamentos da Starlink por criminosos na região da Amazônia vem à tona. Em março, uma investigação da Associated Press revelou uma rotina de apreensões feitas pelo Ibama de terminais Starlink nas mãos de garimpeiros.
O sistema de internet de alta velocidade se tornou uma ferramenta valiosa para os garimpeiros ilegais do Brasil, servindo para coordenar a logística, receber avisos prévios de batidas policiais e fazer pagamentos sem voar de volta para os centros urbanos.
Mineradores ilegais usam a internet via satélite para se comunicar há anos, mas o processo exigia o envio de um técnico, geralmente de avião, para instalar uma pesada antena fixa.
Entretanto, com a Starlink, a instalação pode ser feita por um leigo, o equipamento funciona mesmo em movimento, a velocidade é tão rápida quanto nas grandes cidades e o sinal funciona até mesmo durante as tempestades.
Revendedores não autorizados da Starlink praticam preços mais altos que o oficial para entregas em países não contemplados pela rede logística da empresa, como Venezuela, Suriname e as Guianas.
Segundo o UOL, a antena, vendida a paritr de R$ 1 mil no site oficial, chega a ser comercializada por R$ 8 mil em grupos paralelos de garimpeiros.
O ato da revenda não é ilegal, mas contraria as políticas de uso da empresa, que especifica que "você não poderá revender o acesso aos serviços a terceiros como um serviço independente, integrado ou de valor agregado". O representante legal da Starlink no Brasil afirmou que não fala em nome da companhia.