O advogado do jornalista Antonio Marcos Pimenta Neves, de 63 anos, Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, informou hoje à tarde que seu cliente confessou ter matado a jornalista Sandra Gomide, de 32 anos, e entregou a arma utilizada. Sandra foi atingida por dois tiros, um nas costas e outro na cabeça. O crime ocorreu na tarde de domingo, no Haras Setti, em Ibiúna, interior de São Paulo. Agora de noite, Pimenta tomou uma dose excessiva de calmantes e encontra-se em coma no hospital Albert Einstein, em São Paulo. A polícia já está no local para cumprir o mandado de prisão do jornalista.Mariz de Oliveira solicitou ao delegado Marcelo Damas, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que, depois de interrogar Pimenta, peça aos juízes do Fórum Criminal de Ibiúna a revogação da prisão temporária de 30 dias decretada na madrugada de segunda-feira pelo juiz Maurício Valala, da 2.ª Vara Criminal de Sorocaba.
Confessa
"Ele vai confessar a morte da ex-namorada, vamos entregar a arma e não vejo por que manter a prisão de uma pessoa que admite o crime e estará à disposição das autoridades para qualquer esclarecimento", afirmou Mariz. Ele argumenta que a decretação da prisão temporária cabe somente em casos de crime hediondo e seu cliente não está envolvido neste tipo de delito, mas "num caso passional".
Temporária
O juiz de Sorocaba que estava no plantão judiciário e foi procurado durante a madrugada de domingo pelo delegado Lincoln Amorim Kunisawa, assistente da Delegacia de Polícia de Ibiúna, informou em seu despacho ter decretado a prisão porque o suspeito "ausentou-se do local dos fatos". Disse ainda que a decisão da revogação ou não será de um dos juízes de Ibiúna. É para lá que o DHPP vai encaminhar o inquérito quando concluir as investigações.
Testemunhas
O delegado Damas ouviu na noite de domingo quatro pessoas arroladas como testemunhas: o dono do haras, a mulher dele, o cunhado e um empregado. Os quatro disseram que estavam a 30 metros do local do crime. Ouviram os gritos de Sandra e em seguida dois tiros. Não viram o jornalista matar a ex-namorada, mas perceberam que ele deixava o local.
Ameaça
Um boletim de ocorrência por ameaça registrado por Sandra no 36.º Distrito, de Vila Mariana, duas semanas antes da morte, foi anexado ao inquérito. A jornalista acusou Pimenta Neves de invadir seu apartamento. Estaria armado e exigiu a devolução de jóias e presentes que ela tinha recebido durante os quase quatro anos de namoro.
Nilton Gomide, irmão de Sandra, explicou à polícia que a irmã se queixava das ameaças do ex-namorado. Ela deixou de freqüentar o haras por alguns dias para evitar encontrá-lo. Damas poderá ouvir os pais e o irmão de Sandra ainda esta semana. "Depende do estado em que se encontram", adiantou o policial.
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