Atualizado às 03h33
O jornalista Antonio Marcos Pimenta Neves, de 63 anos, está internado no Hospital Albert Einstein. Ele tomou uma dose excessiva de sedativos e, agora, está em coma induzido. Pimenta Neves deve ficar 48 horas em observação. De acordo com a polícia, o jornalista está tecnicamente preso. “Daqui, ele só sai para a prisão”, disse o delegado Nathan Rosemblat, do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP). Equipes com três agentes estão se revezando, em turnos de seis horas, na porta da UTI do Einstein.
Pimenta Neves é acusado de ter matado a jornalista Sandra Gomide, de 32 anos. Ela foi assassinado no domingo, no Haras Setti, em Ibiúna (SP), com um tiro nas costas e outro na cabeça.
O boletim médico, divulgado às 21h45 de ontem, informa que Pimenta Neves chegou ao hospital por volta das 19 horas. O quadro era de “intoxicação exógena”, mas estável. Os médicos José Henrique Germann Ferreira e Ricardo Botticini Peres assinaram o boletim.
O jornalista iria se apresentar hoje ao delegado Marcelo Damas, do DHPP. O advogado Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, que defende Pimenta Neves, informou que seu cliente confessou a autoria do crime.
Ele solicitou ao delegado Damas que, depois do interrogatório, que não será mais realizado hoje, pedisse aos juízes do Fórum Criminal de Ibiúna a revogação da prisão temporária de 30 dias decretada na madrugada de segunda pelo juiz Maurício Valala, da 2.ª Vara Criminal de Sorocaba.
Segundo Mariz, Pimenta Neves entregou a arma utilizada no assassinato de Sandra. “Ele vai confessar a morte da ex-namorada, vamos entregar a arma e não vejo por que manter a prisão de uma pessoa que admite o crime e estará à disposição das autoridades para qualquer esclarecimento”, afirmou Mariz.
Ele argumenta que a decretação da prisão temporária cabe somente em casos de crime hediondo e seu cliente não está envolvido neste tipo de delito, mas “num caso passional”.
Temporária – O juiz de Sorocaba que estava no plantão judiciário e foi procurado durante a madrugada de domingo pelo delegado Lincoln Amorim Kunisawa, assistente da Delegacia de Polícia de Ibiúna, informou em seu despacho ter decretado a prisão porque o suspeito “ausentou-se do local dos fatos”.
Disse ainda que a decisão da revogação ou não será de um dos juízes de Ibiúna. É para lá que o DHPP vai encaminhar o inquérito quando concluir as investigações.
O delegado Damas ouviu na noite de domingo quatro pessoas arroladas como testemunhas: o dono do haras, a mulher dele, o cunhado e um empregado. Os quatro disseram que estavam a 30 metros do local do crime. Ouviram os gritos de Sandra e em seguida, dois tiros. Não viram o jornalista matar a ex-namorada, mas perceberam que ele deixava o local.
Ameaça – Um boletim de ocorrência por ameaça registrado por Sandra no 36.º Distrito, de Vila Mariana, duas semanas antes da morte, foi anexado ao inquérito. A jornalista acusou Pimenta Neves de invadir seu apartamento.
Estaria armado e exigiu a devolução de jóias e presentes que ela tinha recebido durante os quase quatro anos de namoro. Nilton Gomide, irmão de Sandra, explicou à polícia que a irmã se queixava das ameaças. Ela deixou de freqüentar o haras por alguns dias para evitar encontrá-lo.
Leia mais:
» Advogado diz que jornalista confessou assassinato de ex-namorada
» Delegado diz que jornalista suspeito de assassinato se apresenta amanhã
» Cinco equipes investigam morte de jornalista do Estadão
» Morte de jornalista foi crime anunciado
» Cinco equipes investigam morte de jornalista do Estadão
» Polícia suspeita que crime foi premeditado
» Jornalista assassinada é enterrada em São Paulo
» O jornal O Estado de S. Paulo divulga nota oficial
» Jornalista acusado de assassinato deve se apresentar à Polícia
» Juiz decreta prisão temporária de diretor do Estadão
» Diretor do "Estado" é suspeito de assassinato
» Jornalista será enterrada às 16h em São Paulo
» Jornalista assassinada já tinha registrado queixa por agressão