Conheça o grafiteiro que assina camisas de Paulo Vieira na série Pablo e Luisão

Consp é cria de Perus, zona noroeste de São Paulo. Começou pintando camisetas e chegou às camisas do ator Paulo Vieira

22 jul 2025 - 07h30
Resumo
Na série Pablo e Luisão, com segunda temporada anunciada pela Globoplay, o ator Paulo Vieira usa camisas temáticas a cada episódio. Algumas delas foram desenhadas pelo grafiteiro que está há 25 anos na cena paulistana e morava “no biquinho do mapa”.
O ator Paulo Vieira se notabiliza com as camisas usadas em Pablo e Luisão. Foram criadas pelo grafiteiro Consp.
O ator Paulo Vieira se notabiliza com as camisas usadas em Pablo e Luisão. Foram criadas pelo grafiteiro Consp.
Foto: Divulgação

Algumas das camisas que o ator Paulo Vieira usa na série Pablo e Luisão foram desenhadas por Consp, grafiteiro com 25 anos de trajetória na cena paulistana. Não conhece o Consp? Algumas coordenadas geográficas — ou coincidências geográficas — balizam sua história: o lugar onde foi criado, no alto de um morro na zona norte de São Paulo; o prédio em que o pai trabalhava; e o bairro no qual cursou o Ensino Médio.

Thiago de Souza Oliveira, 40 anos, o Consp — abreviação de “conspiração” — é cria de uma rua de terra no ponto mais alto do morro, em Perus, zona noroeste de São Paulo. Fica no “biquinho do mapa”. Consp explica que “por ser no alto, era uma das únicas casas que pegava MTV. Eu assistia sempre o YO!, aquele programa de rap. Era o início do rap em São Paulo”.

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A segunda coordenada e coincidência geográfica é o local de trabalho do pai de Consp, no centro de São Paulo, precisamente onde começou o hip hop na capital, ao lado da lendária Galeria do Rock. Ele também descia ao subsolo, comprava camisetas, via os salões de cabelos afro, ouvia rap e outros sons.

Thiago de Souza Oliveira, o Consp, 40 anos, 25 de grafite, fez trabalhos para Sintonia, Escola de Quebrada e Pablo e Luisão.
Foto: Chu Juke

De Perus à Lapa, antes de chegar em Pablo e Luisão

Em casa, a primeira atividade artística veio através da mãe, que pintava panos de prato. “Sempre gostei muito de desenhar em roupas, com 13 anos eu não era grafiteiro ainda, mas pegava tinta para tecido da minha mãe e escrevia coisas em camisetas, tênis.”

Com artes bem toscas, Consp comprava camisetas no Brás por R$ 2,00, desenhava, vendia. Inspirava-se em revistas gringas de skate. Começou a fazer ecobags. “Fiz por muitos anos, até recentemente, na pandemia. Desenhei marcas de surf, skate, fazia para empresas, encomendas”. E o grafite?

Paulo Vieira em Pablo e Luisão, da Globoplay. Sucesso no streaming, teve um episódio exibido na televisão aberta e segunda temporada confirmada.
Foto: Divulgação

Corria na paralela, intensificado em outra coincidência geográfica. No Ensino Médio, Consp vai estudar longe de casa, na Lapa, zona oeste de São Paulo. “Fui conhecendo a cidade, novas pessoas através do grafite. Abriu um portal: fiz parte de uma crew na Freguesia do Ó, Butantã, Jaçanã.”

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Na trajetória de Consp, mestre Bonga, grafiteiro de milianos, foi fundamental. Dava aulas grafite em oficinas gratuitas em Caieiras, cidade vizinha ao bairro paulistano de Perus. “Ele era nossa internet na época. Tinha livros de grafite, fitas, a gente chegava lá ele passava vídeos, conversava, trocava informação. Era um ponto de encontro da cultura hip hop.”

Série criada por Paulo Vieira é baseada em fatos reais. Conta com humor as aventuras de seu pai, Luisão; e do melhor amigo dele, Pablo.
Foto: Divulgação

Ao servir de exemplo em Pablo e Luisão, Consp inspira a quebrada

A trajetória de Consp o levou a ter estúdio e morar no centro. Fez curso técnico, faculdade e deixou sua marca em muitos muros. Obviamente, o corre é diário, tem filho, paga contras, não está pagando de artista. Quase viu a casa cair na pandemia, um ano com a perna quebrada. Mas profissionalizou-se.

Recentemente, entrou pro time da Aborda, uma assessoria cujo trabalho é aprimorar a profissionalização de artistas. No audiovisual, pintou a barbearia da série Sintonia e o cenário de Escola de Quebrada.

Os rostos à direita são grafites recentes de Consp na estação Perus, zona noroeste de São Paulo,quebrada do artista.
Foto: Arquivo pessoal

A encomenda das camisas da série Pablo e Luisão para o ator Paulo Vieira “veio através de um camarada roteirista, alguém do figurino perguntou e ele deu o contato. Eles mandaram uma sinopse, cada episódio é uma camisa diferente, temática”.

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E quais as coincidências e coordenadas temos aí? “Faço grafite, faço pintura em tela, ilustração digital. Eu aparecendo no Pablo e Luisão, a galera da minha quebrada vai ver e pensar: eu posso chegar lá. Vou ser incentivo para pessoas pretas no circuito de arte, que até hoje é uma coisa mirrada”, aponta Consp.

Fonte: Visão do Corre
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