Estudantes realizam uma caminhada seguida de abraço simbólico na Represa Guarapiranga, destacando a conscientização ambiental e a luta contra o esgoto despejado no local. Ação mobiliza comunidade com distribuição de mudas nativas.
Pelo quarto ano, estudantes do ensino fundamental do CEU Vila do Sol, no fundão da zona sul de São Paulo, promovem a Caminhada pelo Futuro, pela preservação ambiental, que termina com abraço na Represa Guarapiranga. A mobilização de hoje (19) é contra o esgoto jogado no segundo maior sistema de abastecimento de água da capital.
Trinta turmas do CEU Vila do Sol saem de manhã e caminham quase um quilômetro distribuindo mudas de árvores nativas, livros, parando para fazer falas, a molecada fazendo barulho. Querem chamar a atenção – e chamam – para a situação da Guarapiranga. A escola tem motivos para se mobilizar.
Há quatro anos, o CEU Vila do Sol resolveu sair às ruas com todas as turmas, incluindo as de educação de jovens e adultos, noturnas, para se manifestar sobre os problemas ambientais da quebrada. A cada ano, pesquisam temas até o mês de setembro, que comemora o Dia da Árvore (21).
O tema deste ano foram as nascentes, “mas não conseguimos fazer a pesquisa direito porque estão quase todas enterradas debaixo das casas das pessoas”, revela a coordenadora pedagógica da EMEF Vila do Sol, Denise Silva de Lima.
Caminhada, abraço, plantio e piquenique na Guarapiranga
O CEU Vila do Sol está na região do Jardim Horizonte Azul e de ocupações como Nova Canãa, Nova Jerusalém e Nova e Palestina. A coordenadora pedagógica do CEU diz que “não é só quem mora em ocupações que joga esgoto na Guarapiranga”.
Desde o começo do ano, estudantes estão pesquisando sobre a represa, da origem do nome aos locais por onde passavam as nascentes; viram documentários; procuraram quem conheceu os últimos indígenas do território; foram à Guarapiranga para medir a poluição. As ações preparam a caminhada.
“É muito emocionante, participei das duas últimas. É uma forma muito bonita de conectar a população ao território e à escola. Desperta a consciência da importância que a Guarapiranga tem para a gente, é a água que a gente usa. Espero que vire uma tradição”, diz Paulo Desidério, 46 anos, educador social, professor de história e morador da região.
Além da caminhada, que distribui 200 mudas de árvores nativas pela comunidade, e do abraço simbólico na represa, estudantes fazem um piquenique sustentável, evitando levar plástico e produzir lixo. Também plantam mudas nativas. Neste ano, 50 se juntam a 150 dos anos anteriores.