A viagem no Trem da Serra da Mar Paranaense é uma travessia de 70 km, de Curitiba a Morretes, passando pelo maior trecho contínuo de Mata Atlântica do Brasil, entre vales, rios e cascatas.
É como flutuar em trilhos sobre penhascos e desfiladeiros.
Não é à toa que, ao inaugurar a Estrada de Ferro Paranaguá-Curitiba, aberta, oficialmente, em 1885, a princesa Isabel teria dito: "que viagem, nunca vi mais bela."
De Curitiba a Morretes de trem
A viagem entre a histórica Morretes e a capital do Paraná foi eleita por publicações como Wall Street Journal, The Guardian e Lonely Planet um dos roteiros ferroviários mais cenográficos do mundo, ao lado de concorrentes de peso como o Glacier Express, na Suíça, o Darjeeling Toy Train, na Índia, e The TranzAlpine, na Nova Zelândia.
É tanta coisa para ver que a gente mal sabe para onde olhar, durante as mais de 4 horas de viagem. Por isso, para facilitar, os guias a bordo anunciam com antecedência a chegada da próxima atração, como o complexo montanhoso do Conjunto Marumbi, que passa imponente pelos amplos janelões dos vagões.
Assim como lembra Patrick dos Santos, guia de turismo da viagem operada pela Serra Verde Express, a ferrovia foi desenhada pelos irmãos Antônio e André Rebouças, conhecidos como os primeiros engenheiros negros de formação universitária, no Brasil.
"O trem tem essa magia de ligar o presente, o passado e o futuro, conectando gerações", analisa Santos.
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Um dos destaques do roteiro é a ponte São João, construção belga com 112 metros de extensão, a 70 metros de altura, que faz o passageiro ter a impressão de que o trem flutua sobre a Serra do Mar.
Outro atrativo turístico que faz todo mundo colar o rosto na janela é a passagem pela cruz que marca o ponto em que o Barão de Serro Azul, um dos maiores cultivadores de erva-mate do mundo, foi executado pelas tropas de Floriano Peixoto, durante a Revolução Federalista, no km 65 da estrada de ferro, em maio de 1894.
Aliás, o barão empresta o nome para um dos vagões mais concorridos da viagem, equipado com varanda panorâmica na cauda do trem, no trajeto que vai de Curitiba a Morretes.
Quando ir
Ambos trajetos podem ser feitos ao longo de todo o ano, de sexta a domingo e feriados. Durante a alta temporada, que vai de dezembro a fevereiro e na segunda quinzena de julho, os trens têm saídas diárias.
A viagem em números
A viagem entre as estações de trem de Curitiba e Morretes dura cerca de 4h30 e passa por 41 pontes, 13 túneis, a uma altitude de até 952 metros sobre o nível do mar.
Com capacidade para até 1.200 passageiros, o Trem da Serra do Mar Paranaense tem 25 vagões, divididos em 4 categorias: Econômica, Turística, Litorinas de Luxo e Boutique, essa última, conhecida como Barão do Serro Azul.
Da capital paranaense, o trem sai da Estação Rodoferroviária de Curitiba, às 8:30, e o retorno (incluso no bilhete) é feito em van, ônibus ou micro-ônibus, no período da tarde.
A passagem inclui também serviço de bordo com kit snack, água ou refrigerante, almoço com o tradicional barreado no restaurante Stazione, tour guiado em Morretes ou Antonina, e visita ao Parque Temático Hisgeopar.