Vacina contra hepatite B: polêmica nos EUA e rotina no Brasil

A vacinação contra a hepatite B tem sido tema frequente em debates nos Estados Unidos principalmente por envolver questões de segurança, obrigatoriedade e desinformação. Entenda a polêmica.

7 dez 2025 - 12h03

A vacinação contra a hepatite B tem sido tema frequente em debates nos Estados Unidos principalmente por envolver questões de segurança, obrigatoriedade e desinformação. Nos últimos anos, parte da população norte-americana passou a questionar calendários vacinais, o que acabou atingindo também a vacina contra a hepatite B. Ao mesmo tempo, autoridades de saúde reforçam que se trata de uma das ferramentas mais importantes para prevenir uma infecção que pode se tornar crônica e levar a complicações graves no fígado.

Nos EUA, o cenário ganhou novos contornos políticos e institucionais. Um grupo de especialistas nomeados pelo secretário de Saúde dos Estados Unidos, Robert F. Kennedy Jr. - conhecido por seu ceticismo em relação às vacinas - deverá se reunir para discutir especificamente a imunização contra a hepatite B. Entre os temas em análise está a possibilidade de rever, ou até suspender, a recomendação de aplicação da vacina em recém-nascidos, medida que vai na contramão da posição de grande parte da comunidade médica e de entidades científicas, que defendem a manutenção do esquema atual com base em décadas de evidências de segurança e eficácia.

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Esse contraste entre campanhas de imunização e movimentos de resistência ajuda a explicar o chamado "estardalhaço". Enquanto cientistas apresentam dados sobre a eficácia e a segurança da vacina, grupos contrários disseminam dúvidas nas redes sociais. Assim, a vacinação contra hepatite B deixa de ser apenas um procedimento de rotina para se tornar um ponto central em discussões sobre políticas públicas, liberdade individual e confiança nas instituições de saúde.

Nos Estados Unidos, órgãos como o CDC e a Academia Americana de Pediatria mantêm a recomendação de início imediato da imunização contra a hepatite B exatamente para evitar falhas de proteção, inclusive em casos em que a mãe é portadora do vírus sem saber – depositphotos.com / Inna_Dodor
Nos Estados Unidos, órgãos como o CDC e a Academia Americana de Pediatria mantêm a recomendação de início imediato da imunização contra a hepatite B exatamente para evitar falhas de proteção, inclusive em casos em que a mãe é portadora do vírus sem saber – depositphotos.com / Inna_Dodor
Foto: Giro 10

Por que a vacina contra hepatite B gera tanta discussão nos EUA?

Nos Estados Unidos, recomenda-se a vacina contra hepatite B desde as primeiras horas de vida do bebê. Esse início precoce da imunização costuma ser um dos principais motivos de debate. Algumas famílias consideram que recém-nascidos não estariam expostos a riscos imediatos, questionando a necessidade da aplicação tão cedo. Porém, órgãos como o CDC e a Academia Americana de Pediatria mantêm a recomendação de início imediato exatamente para evitar falhas de proteção, inclusive em casos em que a mãe é portadora do vírus sem saber.

Outro ponto que intensifica a discussão é a obrigatoriedade vacinal para ingresso em escolas e universidades em vários estados. A exigência de comprovar o esquema de imunização contra hepatite B leva o debate dos consultórios médicos para o campo jurídico e político. Além disso, a circulação de informações incompletas ou distorcidas em redes sociais faz com que eventos adversos raros ganhem grande visibilidade, enquanto dados amplos de segurança, acumulados em décadas de uso, aparecem com menos destaque.

Vacinação contra hepatite B no Brasil: como funciona?

No Brasil, a situação da hepatite B é tratada como assunto de saúde pública desde os anos 1990, e a vacina integra o calendário básico do Sistema Único de Saúde. A palavra-chave central, vacinação contra hepatite B, refere-se a um esquema gratuito oferecido em postos de saúde para diferentes faixas etárias. Atualmente, a recomendação inclui todos os recém-nascidos, ainda na maternidade, e se estende a crianças, adolescentes e adultos não imunizados.

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O esquema padrão costuma envolver três doses, aplicadas em intervalos específicos, embora em alguns contextos se utilize combinações com outras vacinas, especialmente na infância. A estratégia brasileira tem como foco principal reduzir novas infecções e, com isso, diminuir o número de pessoas com doença crônica no futuro. A vacinação é considerada uma das principais formas de prevenção, ao lado do uso de preservativos, da testagem em gestantes e do controle de materiais perfurocortantes em serviços de saúde.

Quais são os benefícios da vacinação contra hepatite B?

A hepatite B é uma infecção causada por um vírus que atinge o fígado e pode se manifestar de maneira aguda ou crônica. Muitas pessoas não apresentam sintomas iniciais, o que facilita a transmissão silenciosa. Entre as possíveis complicações estão cirrose, insuficiência hepática e câncer de fígado. Por isso, a imunização é vista pelas autoridades sanitárias como um mecanismo de proteção individual e coletiva, capaz de interromper cadeias de transmissão.

Entre os principais benefícios associados à vacina destacam-se:

  • Redução do risco de infecção: pessoas vacinadas adequadamente têm menor probabilidade de contrair o vírus.
  • Prevenção da forma crônica: ao evitar a infecção inicial, diminui-se a chance de evolução para hepatite B crônica.
  • Proteção de grupos vulneráveis: recém-nascidos, profissionais de saúde e pessoas com múltiplos parceiros sexuais ficam menos expostos.
  • Impacto coletivo: quanto maior a cobertura vacinal, menor a circulação do vírus na comunidade.

Quais são os principais mitos e dúvidas sobre a vacina?

Tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, a vacinação contra hepatite B convive com dúvidas persistentes. Entre elas, algumas envolvem suposta relação com outras doenças, medo de efeitos adversos graves e questionamentos sobre a necessidade da vacina em adultos. Organismos internacionais e ministérios da saúde, porém, relatam que eventos adversos graves são raros e que a relação benefício-risco é considerada favorável ao uso em larga escala.

De forma geral, as orientações costumam destacar alguns pontos:

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  1. A vacina é feita com componentes específicos do vírus, não sendo capaz de causar hepatite B.
  2. Reações mais comuns incluem dor local, febre baixa ou mal-estar leve, que costumam ser transitórios.
  3. Adultos não vacinados podem e devem completar o esquema, especialmente se estiverem em grupos de risco.
  4. Gestantes podem receber a vacina em situações indicadas, seguindo avaliação profissional.
O esquema padrão costuma envolver três doses, aplicadas em intervalos específicos, embora em alguns contextos se utilize combinações com outras vacinas, especialmente na infância – depositphotos.com / Devon
Foto: Giro 10

Como manter a proteção contra a hepatite B em dia?

Para manter a proteção, recomenda-se que a pessoa confirme se recebeu todas as doses previstas de acordo com a faixa etária. Em território brasileiro, essa verificação pode ser feita na caderneta de vacinação ou, na falta dela, por meio de registros nos postos de saúde. Em casos de dúvida, profissionais costumam orientar a retomada ou reinício do esquema, pois a prioridade é garantir que a imunização fique completa.

Em síntese, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, a vacinação contra hepatite B permanece como uma das principais estratégias para controlar a doença. Enquanto o debate público ganha espaço em torno de segurança e obrigatoriedade, serviços de saúde seguem recomendando que crianças, adolescentes e adultos mantenham o calendário atualizado, como forma prática de reduzir o impacto da hepatite B nas próximas décadas.

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