Tomar Tylenol não é bom como Trump disse? Entenda o risco do paracetamol para o fígado

23 set 2025 - 04h59
Paracetamol não deve ser utilizado em pacientes com doença no fígado ou rins
Paracetamol não deve ser utilizado em pacientes com doença no fígado ou rins
Foto: Freepik

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira (22) que a FDA — órgão regulador de medicamentos no país, equivalente à Anvisa no Brasil — deverá emitir um comunicado a médicos e profissionais de saúde sobre um possível aumento no risco de autismo em crianças expostas ao paracetamol durante a gravidez.

Durante coletiva de imprensa, Trump reforçou sua posição ao citar o popular nome comercial do fármaco: “Tomar Tylenol não é bom. Não é bom”, declarou. Ele ressaltou que, a partir de agora, a orientação é restringir o uso do analgésico por gestantes apenas a situações de real necessidade.

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O paracetamol é amplamente indicado para o alívio de dores leves e no controle da febre, sendo considerado, por décadas, seguro para gestantes. No entanto, pesquisas recentes levantaram questionamentos sobre potenciais efeitos no desenvolvimento neurológico do feto, embora ainda não exista consenso científico que comprove uma ligação direta com o transtorno do espectro autista.

De venda livre em farmácias e drogarias, embora não tenha relação comprovada oficialmente com ligação ao autismo, o medicamento não é isento de riscos. Ele é contraindicado para pacientes com problemas nos rins ou no fígado. A bula adverte: “É aconselhável cuidado na administração de paracetamol em pacientes com função hepática comprometida, incluindo aqueles com doença hepática alcoólica não cirrótica. Os perigos de overdose são maiores naqueles com doença hepática alcoólica”.

O alerta também se estende ao consumo de álcool, que prejudica a saúde do fígado e pode potencializar a toxicidade da substância em casos de uso excessivo. Uma coisa que está bem clara para os especialistas, porém, é o risco de overdose: esse medicamento é a principal causa de falência do fígado em países como EUA e Reino Unido, o que gerou alertas de várias entidades de saúde nos últimos anos.

Em 2021, a Anvisa emitiu um comunicado alertando que o paracetamol era utilizado para aliviar sintomas de eventos adversos pós-vacinais da covid-19, como febre e dores de cabeça. "Entretanto, a utilização incorreta pode causar eventos adversos graves, incluindo hepatite medicamentosa com desfecho fatal, quando o uso é prolongado ou acima da dose máxima diária".

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Deve-se ter em mente que para qualquer medicamento existe um risco associado ao seu consumo. Por isso, é fundamental que o produto seja utilizado de forma correta, seguindo as recomendações de bula e as orientações dos profissionais de saúde.

Classificado na categoria B de risco em gestantes, a bula diz ainda que o paracetamol não deve ser utilizado durante a gravidez sem avaliação médica ou odontológica.

Farmacêutica reage à declaração de Trump

Nos Estados Unidos, o medicamento é fabricado pela Kenvue, empresa que se separou da Johnson & Johnson em 2023. A farmacêutica reagiu à declaração de Trump afirmando que não há sustentação científica para a alegação presidencial.

Entidades médicas também contestaram o posicionamento. O Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia reiterou que estudos disponíveis até o momento não demonstram associação direta entre o uso responsável de paracetamol em qualquer fase da gestação e alterações no desenvolvimento fetal.

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No Reino Unido, o Serviço Nacional de Saúde (NHS) mantém o medicamento como a principal recomendação analgésica para grávidas, ressaltando sua segurança em uso controlado. "É comumente tomado durante a gravidez e não faz mal ao bebê", segundo a autoridade britânica.

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