GLP-1, ou peptídeo semelhante ao glucagon tipo 1, destaca-se entre as substâncias mais debatidas pelo setor de saúde nos últimos anos. Utilizado principalmente para o tratamento do diabetes tipo 2 e, mais recentemente, integrado em estratégias para controle do peso corporal, este hormônio sintético imita a ação da substância natural produzida no intestino. Seu uso cresceu de maneira expressiva, atingindo diversos perfis de pacientes no Brasil e ao redor do mundo.
O principal papel do GLP-1 no organismo é estimular a liberação de insulina quando há presença de glicose, o que é fundamental para o controle da glicemia. Diversos medicamentos atualmente disponíveis, conhecidos como agonistas do receptor de GLP-1, fazem parte do arsenal terapêutico para pessoas que convivem com resistência à insulina ou dificuldade em gerenciar o apetite. Esses medicamentos incluem marcas como semaglutida, liraglutida e dulaglutida, frequentemente prescritas por endocrinologistas desde meados de 2020 para tratar diferentes desafios metabólicos.
Como o GLP-1 atua no corpo humano?
Ao ser administrado, o GLP-1 liga-se aos receptores situados em diversas regiões corporais, sobretudo no pâncreas e no sistema nervoso central. Este mecanismo induz o pâncreas a liberar mais insulina e, simultaneamente, reduz a secreção de glucagon — hormônio que eleva a glicemia. Além disso, o GLP-1 promove um retardo no esvaziamento gástrico, proporcionando uma sensação maior de saciedade após as refeições, o que contribui para a redução da ingestão alimentar.
No contexto do emagrecimento, esse efeito é bastante relevante. Com a diminuição do apetite e a melhora do controle glicêmico, pessoas tratadas com agonistas do receptor de GLP-1 frequentemente relatam perda ponderal progressiva. Esse tipo de terapia, entretanto, precisa ser acompanhada por profissionais da saúde devido à possibilidade de efeitos adversos — inclusive, relatos sobre alterações na quantidade e na qualidade dos fios de cabelo vêm sendo estudados e relatados na literatura científica desde 2022.
Por que o uso do GLP-1 está relacionado à queda de cabelo?
Nos últimos anos, tem havido um aumento nas discussões sobre a associação entre medicamentos à base de GLP-1 e o afinamento ou queda dos cabelos. Embora não seja considerado um efeito colateral frequente, alguns pacientes relatam mudanças capilares após iniciar esse tipo de tratamento, especialmente aqueles submetidos a uma redução de peso rápida.
Investigadores sugerem que a principal razão para essa manifestação estaria relacionada à própria perda significativa de peso promovida pelo GLP-1 — condição conhecida como eflúvio telógeno. O eflúvio é uma resposta transitória dos folículos pilosos, causada principalmente por eventos estressores para o organismo, incluindo mudanças metabólicas intensas, dietas restritivas e alterações hormonais. Dessa forma, não seria necessariamente o GLP-1 enquanto composto químico o responsável direto pelo início da queda, mas sim o conjunto de alterações fisiológicas desencadeadas pelo processo de emagrecimento acelerado.
Quais cuidados são recomendados para quem usa GLP-1 e nota queda de cabelo?
Pessoas em terapia com agonistas do GLP-1 que observam queda de cabelo devem buscar orientação médica. O acompanhamento regular com endocrinologista e, em alguns casos, com dermatologista, permite avaliar se a queda está relacionada à medicação, à perda de peso rápida ou a outros fatores desencadeantes. Em situações em que o eflúvio telógeno é identificado, recomenda-se uma abordagem que inclui:
- Avaliação de níveis de ferro, zinco e vitaminas do complexo B
- Ajustes no cardápio alimentar para garantir aporte nutricional
- Adoção de práticas para minimizar o estresse físico e emocional
- Revisão conjunta do plano terapêutico entre diferentes especialistas
É fundamental ressaltar que, na maioria dos casos, a perda capilar é temporária e reversível, especialmente quando o quadro é diagnosticado precocemente. A adoção de medidas preventivas pode ser realizada até mesmo antes do início do tratamento, minimizando riscos e melhorando a qualidade de vida dos pacientes que dependem desse tipo de intervenção para o controle do diabetes ou da obesidade.
GLP-1: quando é indicado e quais precauções são necessárias?
A prescrição de medicamentos à base de GLP-1 deve ocorrer mediante avaliação criteriosa, levando em consideração o histórico de saúde do paciente, outras doenças associadas e objetivos terapêuticos. O uso inadequado, sem monitoramento, pode acarretar efeitos adversos que vão além da queda de cabelo, como distúrbios gastrointestinais, náuseas e, raramente, alterações pancreáticas.
- No tratamento do diabetes tipo 2, indica-se para pessoas que não respondem adequadamente a outros antidiabéticos orais.
- Para o manejo da obesidade, deve-se utilizar com acompanhamento multidisciplinar, focando na sustentabilidade e na saúde global do paciente.
- Pacientes com histórico de condições metabólicas ou endocrinológicas devem realizar uma avaliação inicial detalhada.
O entendimento sobre o GLP-1 e seus efeitos exige acompanhamento científico constante, já que novas evidências podem ampliar o conhecimento sobre benefícios e possíveis riscos. Ao optar por esta abordagem, é recomendada transparência na comunicação com os profissionais da saúde — esclarecendo dúvidas, realizando exames periódicos e relatando sintomas incomuns, inclusive alterações no padrão de crescimento capilar.