Por que alguns remédios para emagrecer podem causar queda de cabelo?

Descubra o que é o GLP-1, para que serve e por que seu uso pode causar queda de cabelo. Saiba tudo sobre os efeitos da substância

2 dez 2025 - 09h03

GLP-1, ou peptídeo semelhante ao glucagon tipo 1, destaca-se entre as substâncias mais debatidas pelo setor de saúde nos últimos anos. Utilizado principalmente para o tratamento do diabetes tipo 2 e, mais recentemente, integrado em estratégias para controle do peso corporal, este hormônio sintético imita a ação da substância natural produzida no intestino. Seu uso cresceu de maneira expressiva, atingindo diversos perfis de pacientes no Brasil e ao redor do mundo.

O principal papel do GLP-1 no organismo é estimular a liberação de insulina quando há presença de glicose, o que é fundamental para o controle da glicemia. Diversos medicamentos atualmente disponíveis, conhecidos como agonistas do receptor de GLP-1, fazem parte do arsenal terapêutico para pessoas que convivem com resistência à insulina ou dificuldade em gerenciar o apetite. Esses medicamentos incluem marcas como semaglutida, liraglutida e dulaglutida, frequentemente prescritas por endocrinologistas desde meados de 2020 para tratar diferentes desafios metabólicos.

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Como o GLP-1 atua no corpo humano?

Ao ser administrado, o GLP-1 liga-se aos receptores situados em diversas regiões corporais, sobretudo no pâncreas e no sistema nervoso central. Este mecanismo induz o pâncreas a liberar mais insulina e, simultaneamente, reduz a secreção de glucagon — hormônio que eleva a glicemia. Além disso, o GLP-1 promove um retardo no esvaziamento gástrico, proporcionando uma sensação maior de saciedade após as refeições, o que contribui para a redução da ingestão alimentar.

No contexto do emagrecimento, esse efeito é bastante relevante. Com a diminuição do apetite e a melhora do controle glicêmico, pessoas tratadas com agonistas do receptor de GLP-1 frequentemente relatam perda ponderal progressiva. Esse tipo de terapia, entretanto, precisa ser acompanhada por profissionais da saúde devido à possibilidade de efeitos adversos — inclusive, relatos sobre alterações na quantidade e na qualidade dos fios de cabelo vêm sendo estudados e relatados na literatura científica desde 2022.

Agonistas de GLP-1, como semaglutida e liraglutida, ajudam no controle glicêmico e na perda de peso ao aumentar a saciedade e modular a insulina – depositphotos.com / ariteguhas@gmail.com
Agonistas de GLP-1, como semaglutida e liraglutida, ajudam no controle glicêmico e na perda de peso ao aumentar a saciedade e modular a insulina – depositphotos.com / ariteguhas@gmail.com
Foto: Giro 10

Por que o uso do GLP-1 está relacionado à queda de cabelo?

Nos últimos anos, tem havido um aumento nas discussões sobre a associação entre medicamentos à base de GLP-1 e o afinamento ou queda dos cabelos. Embora não seja considerado um efeito colateral frequente, alguns pacientes relatam mudanças capilares após iniciar esse tipo de tratamento, especialmente aqueles submetidos a uma redução de peso rápida.

Investigadores sugerem que a principal razão para essa manifestação estaria relacionada à própria perda significativa de peso promovida pelo GLP-1 — condição conhecida como eflúvio telógeno. O eflúvio é uma resposta transitória dos folículos pilosos, causada principalmente por eventos estressores para o organismo, incluindo mudanças metabólicas intensas, dietas restritivas e alterações hormonais. Dessa forma, não seria necessariamente o GLP-1 enquanto composto químico o responsável direto pelo início da queda, mas sim o conjunto de alterações fisiológicas desencadeadas pelo processo de emagrecimento acelerado.

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Quais cuidados são recomendados para quem usa GLP-1 e nota queda de cabelo?

Pessoas em terapia com agonistas do GLP-1 que observam queda de cabelo devem buscar orientação médica. O acompanhamento regular com endocrinologista e, em alguns casos, com dermatologista, permite avaliar se a queda está relacionada à medicação, à perda de peso rápida ou a outros fatores desencadeantes. Em situações em que o eflúvio telógeno é identificado, recomenda-se uma abordagem que inclui:

  • Avaliação de níveis de ferro, zinco e vitaminas do complexo B
  • Ajustes no cardápio alimentar para garantir aporte nutricional
  • Adoção de práticas para minimizar o estresse físico e emocional
  • Revisão conjunta do plano terapêutico entre diferentes especialistas

É fundamental ressaltar que, na maioria dos casos, a perda capilar é temporária e reversível, especialmente quando o quadro é diagnosticado precocemente. A adoção de medidas preventivas pode ser realizada até mesmo antes do início do tratamento, minimizando riscos e melhorando a qualidade de vida dos pacientes que dependem desse tipo de intervenção para o controle do diabetes ou da obesidade.

Acompanhamento médico, ajustes nutricionais e avaliação de micronutrientes são fundamentais para quem nota mudanças capilares durante o tratamento – depositphotos.com / AndrewLozovyi
Foto: Giro 10

GLP-1: quando é indicado e quais precauções são necessárias?

A prescrição de medicamentos à base de GLP-1 deve ocorrer mediante avaliação criteriosa, levando em consideração o histórico de saúde do paciente, outras doenças associadas e objetivos terapêuticos. O uso inadequado, sem monitoramento, pode acarretar efeitos adversos que vão além da queda de cabelo, como distúrbios gastrointestinais, náuseas e, raramente, alterações pancreáticas.

  1. No tratamento do diabetes tipo 2, indica-se para pessoas que não respondem adequadamente a outros antidiabéticos orais.
  2. Para o manejo da obesidade, deve-se utilizar com acompanhamento multidisciplinar, focando na sustentabilidade e na saúde global do paciente.
  3. Pacientes com histórico de condições metabólicas ou endocrinológicas devem realizar uma avaliação inicial detalhada.

O entendimento sobre o GLP-1 e seus efeitos exige acompanhamento científico constante, já que novas evidências podem ampliar o conhecimento sobre benefícios e possíveis riscos. Ao optar por esta abordagem, é recomendada transparência na comunicação com os profissionais da saúde — esclarecendo dúvidas, realizando exames periódicos e relatando sintomas incomuns, inclusive alterações no padrão de crescimento capilar.

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