O que começou como mais uma tentativa de aliviar dores lombares que a acompanhavam há anos terminou em tragédia para Amie Barnes, 37 anos. A britânica foi encontrada sem vida na manhã seguinte, deitada na cama do namorado, no condado de Lancashire, após uma noite em que tomou diversos analgésicos acompanhados de uma taça de vinho antes de dormir. A combinação que, segundo a perícia recente, levou a uma sedação profunda e fatal.
À espera de uma cirurgia na coluna, Amie desabafava com familiares e amigos sobre as dores intensas e desconforto. Ao ser encontrada morta com marcas de sangue em seu rosto, as autoridades inicialmente trataram o caso como potencial crime. A suspeita, porém, foi descartada após análise detalhada dos peritos: os sinais eram resultados do acúmulo de sangue e da pressão exercida enquanto ela dormia.
O inquérito conduzido no Preston Coroner’s Court descartou overdose intencional. Nenhum dos medicamentos apareceu em dose isoladamente letal no laudo toxicológico. O legista Richard Taylor classificou o episódio como misadventure — um acidente trágico decorrente de uma decisão tomada com o intuito de aliviar a dor, não de provocar dano. “Ela provavelmente tomou mais do que era sensato”, afirmou.
Qual é a dose segura recomendada de analgésicos por dia?
É fundamental consultar um médico antes de ingerir qualquer medicamento. Segundo o Dr. Daniel Oliveira, médico ortopedista especialista em coluna vertebral, a dose segura varia conforme o princípio ativo.
"No caso do paracetamol, muito utilizado para dores musculoesqueléticas, a recomendação é não ultrapassar 3.000 mg por dia, podendo chegar a 4.000 mg apenas com orientação médica devido ao risco de toxicidade hepática. A dipirona (metamizol) costuma ter limite de 4.000 mg por dia, divididos ao longo do dia", explica.
Já os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) possuem margens diferentes: o ibuprofeno, por exemplo, deve ser usado em até 1.200 mg/dia sem prescrição, podendo chegar a 2.400 mg/dia apenas com acompanhamento. Diclofenaco e naproxeno têm doses máximas diárias em torno de 100–150 mg e 500–1.000 mg, respectivamente.
"É fundamental lembrar que doenças pré-existentes — como problemas hepáticos, renais, cardiovasculares ou gástricos — reduzem a margem de segurança. E combinar diferentes analgésicos sem orientação aumenta substancialmente o risco de intoxicação", complementa.
Riscos associados ao consumo excessivo de analgésicos
O uso excessivo de analgésicos pode gerar danos graves à saúde. "O paracetamol, quando utilizado acima da dose recomendada, pode provocar lesão hepática aguda, uma das principais causas de insuficiência hepática fulminante no mundo", diz o médico.
A dipirona, embora eficaz, pode desencadear agranulocitose, uma queda acentuada nos glóbulos brancos que compromete o sistema imunológico.
"Os AINEs aumentam o risco de sangramentos gastrointestinais, insuficiência renal aguda e eventos cardiovasculares, principalmente em pessoas com fatores de risco", completa.
Além disso, o uso frequente e indiscriminado desses medicamentos pode mascarar sintomas de problemas importantes da coluna, retardando o diagnóstico de condições como hérnias de disco, fraturas, infecções ou tumores.
"Por isso, dor nas costas persistente não deve ser tratada apenas com remédios: é essencial investigar a causa para definir o tratamento adequado", conclui.